No dia em que Antônio Alves de Souza, 58, saiu de casa para ir à agência bancária jamais imaginaria encontrar R$ 1.150 na rua. Ele caminhava a poucos metros de casa, no Jardim Santa Rita, zona oeste de Londrina, quando viu uma bolsa no chão. “Achei estranho porque esse tipo de sacola é muito usado por motociclistas e ciclistas por causa das alças. Toquei com o pé e vi que não era um descarte, pois tinha volume. Peguei e vi a carteira e um celular. Voltei para casa e olhei com mais atenção”, conta.

Antônio Alves de Souza se emociona ao contar a história: “Eu jamais teria coragem de usar aquele dinheiro sabendo que não é meu"
Antônio Alves de Souza se emociona ao contar a história: “Eu jamais teria coragem de usar aquele dinheiro sabendo que não é meu" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Ao verificar os itens na bolsa, Souza viu a quantidade de dinheiro e os boletos com o nome e endereço - no mesmo bairro - do gestor de controladoria, Paulo Sérgio da Silva, 52. “Eu já estava preocupado, ligando para os bancos para cancelar os cartões, até escutar alguém batendo no portão. Era um senhor, com uma sacola plástica na mão. Conversamos e ele tirou minha bolsa da sacola. Foi um alívio, uma alegria”, diz.

Silva detalha que naquela manhã do dia 30 de abril, ao abrir o carro para ir trabalhar, colocou a sacola em cima do veículo para atender o irmão no portão. “Quando voltei, vi um dos pneus murcho e fui buscar uma bomba para enchê-lo e poder chegar ao posto para calibrar. Foi quando dirigi alguns metros e, ao descer no posto de gasolina dei falta de tudo: bolsa, celular, carteira. Fiquei desesperado”, lembra.

Rapidamente, Silva percorreu todo o caminho de volta em busca da sacola. “Como os boletos estavam junto com o dinheiro, o Antônio veio me devolver. Achei tão digno. Essa atitude me gerou uma expectativa diferente em relação às pessoas”, comenta.

Para Souza, a devolução é uma obrigação. “Eu jamais teria coragem de usar aquele dinheiro sabendo que não é meu. Não iria ficar tranquilo. Como eu colocaria a cabeça no travesseiro sabendo que tem algo comigo que não me pertence? É preciso honestidade, acima de tudo”, sustenta.

CELULARES

Essa não é a primeira vez que Souza encontra objetos perdidos na rua. Tempos atrás, ele achou dois aparelhos celulares e o desfecho foi o mesmo. “Minha família sempre andou pelo lado certo. São objetos que não me pertencem. Na hora que vi todo aquele dinheiro na bolsa eu pensei: algum compromisso a pessoa tem com aquela quantia. Se alguém um dia achar algo meu, espero que faça o mesmo. Já perdi a carteira e o documento eu recuperei, mas infelizmente, o dinheiro sumiu”, lembra.

EM BUSCA DE EMPREGO

Como muitos londrinenses, Souza está agora em busca de emprego. Durante anos, ele acumulou experiência como soldador metalúrgico, atuação que lhe abriu as portas em Londrina logo após ter deixado a terra natal, o Distrito de Aricanduva, em Arapongas (Região Metropolitana de Londrina).