“Todos estão seguindo seus trabalhos com medidas restritivas e vai continuar dessa maneira. Vamos continuar avaliando os indicadores, mas estamos em um momento de controle adequado em Londrina. Não tem nada em relação a novos fechamentos”. A afirmação foi feita pelo prefeito Marcelo Belinati, na manhã desta sexta-feira (7), sobre o relatório apresentado pelo Coesp (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública de Londrina) na quinta (6), sugerindo medidas mais rígidas contra a Covid-19, caso os indicadores técnicos analisados pelo órgão se mantenham nos próximos dias.

Marcelo Belinati, prefeito, e Felippe Machado, secretário:  controle adequado
Marcelo Belinati, prefeito, e Felippe Machado, secretário: controle adequado | Foto: Vivian Honorato/N.Com

A FOLHA noticiou a recomendação do Coesp a respeito do funcionamento de praças de alimentação em shoppings e galerias comerciais, assim como academias e templos religiosos. O grupo formado por especialistas classificou o município no alerta de “bandeira vermelha”, já que os índices de isolamento social estariam inferiores a 37% na cidade.

Durante a entrega da nova UBS (Unidade Básica de Saúde) do jardim Santa Rita (zona oeste), nesta manhã, Belinati repetiu, por várias vezes, que não existe indicador técnico que aponte a necessidade de medidas mais restritivas em Londrina e citou a necessidade de avaliar se esses dados apresentados são sustentáveis ou não.

O prefeito defendeu que os indicadores devem ter uma ótica macro, considerando os critérios (utilizados para medidas mais restritivas) em todo o mundo. De acordo com ele, são quatro fatores principais: a falta de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), falta de profissionais de saúde, falta de medicamentos e, principalmente, a falta de leitos.

“Londrina tem hoje uma positividade de 20%. Isso significa que de todo mundo que faz exame por apresentar quadro respiratório gripal, cerca de 20% testa positivo. Temos hoje, 274 casos ativos, o que é pouco, dado o tamanho da cidade com 600 mil habitantes. Nossa média de casos e de óbitos é menor que a média do Paraná e temos uma taxa de ocupação de leitos de UTI no momento, em torno de 50%. Estamos seguindo as medidas restritivas recomendadas pelos órgãos de saúde internacionais, nacionais e até locais, como o Coesp, que são as medidas restritivas já estabelecidas. É claro que precisamos seguir com o acompanhamento dia a dia, avaliando a evolução com muito cuidado”, pontuou.

QUESTÃO SUBJETIVA

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, comentou que Londrina não adota oficialmente essa questão de ‘bandeiras’ e explicou que o instrumento utilizado pelo Coesp internamente é o disponibilizado pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), que se baseia em vários indicadores entre semanas epidemiológicas para avaliação do comportamento da pandemia.

“Alguns municípios adotaram essas ‘bandeiras’ e cada um dentro de seus critérios. A gente tem como exemplo Curitiba, que mesmo com 90% de ocupação dos leitos, a bandeira ainda era laranja. Então, é muito subjetivo essa questão”, afirmou. Ele destaca que o município tem monitorado diariamente o cenário epidemiológico e adotado todas as medidas determinadas em situações de alerta vermelho. Ele também ressaltou que a cidade apresenta um cenário mais ‘confortável’ em relação aos outros municípios de mesmo porte.

“O processo é sempre muito dinâmico em uma epidemia e portanto, precisamos sempre estar atentos a todas as alterações e situações pontuais como surtos que podem mudar esse cenário rapidamente, como o que tivemos em um hospital geral e em um hospital generalizado dias atrás e, que contribuiu para se ter a leitura desse instrumento de bandeira”, completou.

PLANO DE RETORNO

O prefeito voltou a dizer que os indicadores da cidade estão adequados e adiantou que um plano de retorno para as áreas e atividades de esporte e lazer está sendo formulado. “É fato que as pessoas estão se cuidando, mas ninguém está mais conseguindo ficar em casa. Temos percebido que nos finais de semana as pessoas têm procurado sair de casa para fazer uma atividade física, por exemplo, e é pensando no conjunto de tudo isso que estamos buscando um caminho para permitir que a pessoa possa sair um pouco da situação de confinamento, mas com segurança”, justificou.

Dias atrás, Belinati se reuniu com dirigentes de alguns sindicatos, como o de bancários e profissionais do INSS, que solicitaram o estabelecimento de algumas regras por meio de decreto municipal para proteger seus funcionários. Segundo ele, esse decreto será publicado em breve.

O último boletim epidemiológico emitido pela secretaria municipal de Saúde na tarde de quinta-feira (6) confirma mais duas mortes em decorrência das complicações da Covid-19 na cidade e mais 31 novos casos. São 128 óbitos e 3.566 pessoas infectadas pela doença desde o início da pandemia. Já o índice de ocupação dos leitos de UTI estava em 68%. (Colaborou Guilherme Marconi)