Barulhentos, estudantes afastam a vizinhança
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quarta-feira, 29 de agosto de 2001
Vânia Moreira
Umuarama comemorou em 1995 a criação de uma universidade que até então funcionava como faculdades integradas, com apenas 12 cursos, e atraia basicamente estudantes da região. Poucos se mudavam para a cidade para estudar. A maioria vinha e voltava de ônibus. Com a criação de cursos de tempo integral, a construção civil e o comércio festejaram a chegada de estudantes que morariam na cidade e aqueceriam a demanda por imóveis, produtos e serviços.
De fato, o número de prédios de apartamento, restaurantes, pensões e empresas prestadoras de serviços explodiu em torno do principal campus da universidade, no centro da cidade, ao lado da Igreja Matriz. Mas nem tudo são flores. Com este crescimento da cidade provocado pela vinda dos estudantes, também vieram alguns problemas para quem mora na região do campus. Aumentou o barulho e o congestionamento no trânsito próximo à universidade.
A área conta com muitas repúblicas e prédios de apartamento ocupados por universitários. Jovens e ávidos por diversão, os estudantes fazem festas que atravessam a noite embaladas a muita conversa e som em decibéis fora do moderado. Do alto dos prédios caem bitucas de cigarro, latas de cerveja e até camisinhas usadas nos quintais dos vizinhos. Supervalorizados quando a universidade começou a se expandir, os imóveis residenciais estão agora perdendo o valor. Muita gente não quer mais morar naquela região.
Carros costumam ficar estacionados nas ruas e bares com o som em alto volume. Veículos também são vistos parados no meio da rua, com motoristas e passageiros conversando. Os pedágios constantes na Avenida Maringá, em frente à universidade, para vender ingressos de festas e outras promoções, também se tornaram frequentes. Em determinados horários, cruzar a via é um exercício de paciência. A Polícia Militar recebe vários chamados, todas as noites, para acabar com festas barulhentas e outros abusos. Aumentaram também as denúncias de venda e consumo de drogas. Esta semana, a Polícia Civil prendeu nas imediações da universidade um traficante com quatro papelotes de cocaína.
Estima-se aproximadamente três mil pessoas morando em Umuarama para estudar. O prefeito Fernando Scanavaca (PPB) reclama pelo fato dos universitários não serem incluídos no censo populacional do município, que tem 85 mil habitantes, o que aumentaria a arrecadação de impostos. Eles são contados nos municípios de origem.