Bacana não quer sair da rua
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sábado, 06 de janeiro de 2007
Boa parte dos londrinenses já conhecem Jair Santos Almeida, 39 anos, o Bacana, um morador de rua que se instalou no cruzamento da Avenida Dez de Dezembro com a Rua Tremembés, na Vila Casoni (Região Leste).
Ele conta que veio de bicicleta de Caruaru (PE), acompanhado de um irmão, em busca de parentes que nunca encontrou. O irmão faleceu e ele resolveu ficar por aqui. Desde então, adotou a movimentada avenida como lar. Desde 2004, quando foi abordado pela primeira vez pelo Programa Sinal Verde, ele permanece entre o cruzamento da Dez de Dezembro com a Rua Potiguares, próximo à rodoviária, e com a Tremembés, onde está atualmente.
Dormindo em um pedaço de espuma colocado sobre o asfalto, com carros, motos ônibus e caminhões passando em alta velocidade a poucos metros, ele não pretende abandonar o cruzamento. Eu gosto daqui, meu bacaninha. Aqui tenho amigos. Não quero ir para outro lugar, diz, enquanto motoristas buzinam e acenam. O Bacana responde com sorrisos e mais acenos.
Iniciativas para oferecer a Jair um lugar mais digno e seguro não faltam. O prontuário dele no Sinal Verde é extenso. Até uma tentativa de curar o seu maior problema, o alcoolismo, já foi feita pelo Centro de Apoio Psicossocial (Caps-AD) Álcool e Droga, mas o Bacana não aderiu ao tratamento.
O Jair é um caso crônico de morador de rua, ele não quer parar de beber e nós só fazemos o tratamento a partir do momento que a pessoa queira, explicou a terapeuta ocupacional do Caps-AD, Ilka Elorza.
Mesmo com quatro garrafas de pinga vazias ao seu lado e uma outra pela metade, Bacana conversa bem. Não é agressivo, pelo contrário, a simpatia é sua marca registrada. Isso garante as esmolas que resultam em comida e bebida.
Quero morrer e ser enterrado aqui, ele finaliza. (W.S.)