Cambé – Depois da tragédia que marcou Cambé (Região Metropolitana de Londrina), a rede estadual de educação retomou às aulas nesta quinta-feira (22), ainda sobre a sombra do receio e da consternação. “Mandei meu filho para o colégio, porque é ruim perder conteúdo e para ir voltando à rotina aos poucos. Mas a todo instante pergunto para ele como está o clima, se está tudo bem. Quem é pai e mãe nunca mais vai ficar com o coração em paz”, relatou uma mãe.

A reportagem apurou junto a colégios da cidade que apesar da volta dos estudantes, poucos adolescentes se fizeram presentes. “É tudo muito recente, todos estão traumatizados. Acredito que somente na semana que vem os alunos deverão comparecer em maior número”, comentou a funcionária de uma instituição. No colégio estadual Professora Helena Kolody, local do atentado, as aulas vão recomeçar apenas na próxima segunda-feira (26).

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Equipes da PM (Polícia Militar) estiverem presentes em algumas escolas na entrada e, posteriormente, na saída dos alunos. “Seria bom se tivessem policiais na porta de todos os colégios, pelo menos, nestas próximas semanas. Foi muito grave o que aconteceu e a insegurança é grande. A presença da polícia inibe atitudes erradas”, afirmou a dona de casa Maria Gonçalves.

REDE MUNICIPAL

Na rede municipal de ensino, que reúne mais de dez mil crianças, as aulas seguem suspensas, pelo menos, até esta sexta-feira (23). A expectativa é que o retorno ocorra na segunda nos CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) e fundamental de 1º ao 5º ano.

HELENA KOLODY

No colégio onde foi registrado o ataque, na manhã da última segunda-feira (19), algumas mudanças vêm sendo promovidas. Os muros estão sendo pintados de cinza, seguindo o padrão de outras unidades do Estado, e no lugar da mesa de pingue-pongue onde Karoline Alves, 17, e Luan Augusto, 16, estavam quando foram surpreendidos pelo atirador uma floreira foi construída.

“Reorganizamos diversas ações pedagógicas para atender a escola nesse momento. Estabelecemos parceria com os psicólogos da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e de outras instituições que estão dando apoio à nossa rede. Estamos envolvendo técnicos pedagógicos do NRE para dar suporte à equipe gestora para estabelecermos estratégias para que o retorno seja acolhedor e a aprendizagem retomada”, explicou Jéssica Pieri, chefe do NRE (Núcleo Regional de Educação) de Londrina.

Estrutura do colégio onde aconteceu a tragédia está sendo alterada: muros foram pintados
Estrutura do colégio onde aconteceu a tragédia está sendo alterada: muros foram pintados | Foto: Pedro Marconi

Desde terça-feira, uma psicóloga e especialista em crise e violência nas escolas, do Governo Federal, está em Cambé para apoio a familiares, estudantes e servidores.

‘TENHAM FORÇA’

Durante vigília em homenagem às vítimas em frente à instituição, na noite de quarta-feira (21), a mãe de Karoline deixou uma mensagem de incentivo para os colegas da filha. “Que tenham força para voltar, pela Karol e pelo Luan. Não sou a única mãe que está sofrendo, muitas mães sofrem e talvez não tenham a graça do apoio que estou recebendo. Estou em paz, porque minha filha está em paz”, afirmou, emocionada, Keller Verri Alves. A frente do colégio amanheceu nesta quinta repleta de flores brancas, velas e cartazes pedindo paz.

INVESTIGAÇÕES

O MP-PR (Ministério Público do Paraná) informou que vai acompanhar as investigações envolvendo a morte do atirador de 21 anos dentro da cela da Casade Custódia de Londrina, no final da noite de terça-feira (20). A Procuradoria-Geral de Justiça da instituição indicou os promotores Jorge Barreto Costa e Leandro Antunes, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

“O Ministério Público do Paraná não pode deixar de garantir que as circunstâncias que envolveram a morte do autor do crime sejam, em idêntico sentido, eficaz e rigorosamente apuradas, considerando o pressuposto de que a vida é um bem maior a ser exemplarmente tutelado em todo Estado de Direito”, destacou, em nota. A causa do óbito não foi divulgada pela Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública). A defesa do jovem acredita que ele tenha tirado a própria vida.

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