A direção da Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Araucária (Amar) entregou ontem aos técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) relatório de uma auditoria independente sobre os impactos da instalação de uma usina termelétrica à base de óleo combustível na região. O relatório foi divulgado ontem, durante audiência pública para apresentação de Estudo de Impacto Ambiental da Cofepar (Conversora de Fertilizantes e Energia do Paraná). A audiência pública foi consultiva. Com base em informações técnicas é que o IAP decidirá se autoriza ou não a construção da usina.
De acordo com análises da equipe do professor Osvaldo Sevá Filho, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Araurária possui clima e relevo impróprios para uma usina termelétrica à base de óleo combustível. Para o diretor ambiental da Cofepar, Daniel Fragoso, há muita desinformação sobre o impacto ambiental da usina em Araucária.
Além do estudo independente, a Amar entregou aos técnicos do IAP um abaixo-assinado com mais de 22 mil assinaturas contra a instalação da usina. ‘‘Os moradores da cidade já disseram não a essa usina e vamos até as últimas consequências legais para evitar que Araucária se transforme em uma Cubatão do Paranᒒ, explicou a presidente da Amar, Lídia Lucaski.
Durante a audiência pública de ontem técnicos do IAP ouviram argumentos de representantes da Cofepar e da Amar. Eles terão 60 dias para decidir se concedem ou não a licença provisória para início da construção da usina. Se for autorizada a construção, as obras começam em julho. Pelo cronograma da empresa, a partir de 2004 ela deve começar a produzir energia elétrica e vapor para serem usados principalmente no parque industrial de Araucária.
Se entrar em funcionamento, a Cofepar deverá gerar 630 Megawatts de energia elétrica a partir de 2004. O projeto já foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e faz parte do programa emergencial de geração de energia para os próximos três anos, desenvolvido pelo Ministério das Minas e Energia.
A empresa americana PSEG, a Petrobras e a Ultrafértil são parceiras no projeto da termelétrica. Além da produção de energia elétrica e vapor para uso industrial, a Cofepar promete fazer a conversão de parte dos gases de enxofre em sulfato de amônia, usado na agricultura. A previsão é que a Cofepar produza 80 mil toneladas/ano de fertilizante agrícola. Isso é aproximadamente um terço da necessidade do Estado. Atualmente o Paraná importa todo o sulfato de amônia que utiliza.
Além dos argumentos técnicos apresentados ao IAP, a Amar está tentando convencer vereadores e o prefeito de Araucária a não conceder o alvará de licença para instalação da Usina.