Atrasos viram rotina nas sessões de cinema
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segunda-feira, 05 de março de 2001
Há certos conceitos sobre tempo que aprendemos desde pequenos e costumamos levar para a vida toda. A hora da aula é sagrada, começa sempre no horário marcado. A hora da Ave Maria. A hora da Voz do Brasil. A hora da sessão de cinema. Não, a hora da sessão de cinema já não é mais a mesma coisa. Pelo menos nos cinemas do Catuaí Shopping Center, de Londrina.
Ali a hora sagrada não é bem aquela impressa nos luminosos da bilheteria. No último sábado, só para citar um exemplo, a sessão das 19h30 do filme O Trigre e o Dragão começou, de verdade às 19h50. Às 19h30, a fila ainda estava do lado de fora da Sala 1.
Explicação da solícita funcionária do cinema: Tem sido assim (atraso) com frequência, porque temos que limpar a sala entre uma sessão e outra. Ela alegou, com razão, que é desagradável entrar em uma sala para ver um filme e deparar com um terremoto de pipocas, latas de refrigerantes e papel de bala. Ainda segundo a funcionária, nem o filme que a gente exibe antes da sessão pedindo para que as pessoas sejam educadas e jogem o lixo no lixo tem dado resultado.
Agora vejamos o lado de quem se preparou para ver um filme que acaba de estrear. A pessoa sai de casa uma hora antes (se for de carro) para garantir um bom lugar na fila e, consequentemente, na sala do cinema. Nem a belíssima lenda do tigre e o dragão resistiria à primeira fileira de cadeiras.
Na fila, nosso personagem é esbarrado por gente que saiu do cinema, gente que vai comprar ingresso, gente que chegou no shopping, gente, gente e mais gente. Fica mais de uma hora em pé no meio da multidão (parece que todo mundo resolveu ir ao cinema ao mesmo tempo). Será que este personagem não merecia um tratamento melhor? Será que o intervalo das sessões não deveria incluir o tempo necessário para o preparo da sala? Será que o preço do ingresso não justifica um pouco mais de respeito ao cidadão?
Mas a história ainda não acabou. A saída do cinema é outra loucura. Quem sai topa com outra multidão que quer entrar. Por trás da bilheteria estava a fila de quem ia entrar na Sala 1. Um cordão isolava a passagem em direção ao estacionamento. Resultado: mais de 100 pessoas saíram de uma vez e passaram por dentro de um restaurante, entre mesas, garçons e clientes jantando. Aí já não é falta de respeito, é falta de educação mesmo.
