Até um clube de dança no prédio
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quinta-feira, 13 de junho de 2013
Quando Simon Joseph Fraser, o lorde Lovat, passou por Birigui (Noroeste paulista) em 1924, João Schiavinatto lá se encontrava, figurando entre os 13 pioneiros que pagaram o "imposto de cafeeiros" em 1917 (nove mil réis sobre 4,5 mil pés). Em 1930, Schiavinatto chega ao Patrimônio Três Bocas, onde a empresa de Lovat inicia a colonização semelhante à de Birigui, com pequenos proprietários, origem de Londrina.
João Schiavinatto se tornou corretor da Companhia de Terras Norte do Paraná, agricultor, comerciante, armeiro e ferreiro. Morando numa chácara (atualmente a Vila Portuguesa), ele construiu em 1937 o prédio de alvenaria na Rua Heimtal, esquina com a Rua do Comércio (hoje Benjamin Constant), ali se estabelecendo.
Em estilo art déco, a construção permanece, sendo visível acima da porta de esquina a data em alto relevo: 10-1-1937. Num período entrando pela década de 40, foi também o "Clube de Danças", com matinê (danças à tarde) e soirée (à noite) aos sábados e domingos. No clube houve, também, o duelo entre o tenente Amaral, delegado de Polícia, e o tenente Telmo Ribeiro, "gatilho de aluguel", cujo alvo seria um morador de Londrina. Em clima de "saloon", ambos dispararam os revólveres e caíram feridos.
Na década de 1930, conforme memória de familiares, mudaram-se para Londrina 11 irmãos Schiavinatto e os pais, Maria e Jacomo. O historiador Alberto Zortéa relata que João Schiavinatto inventou "uma ferradura para homens" em 1938. Em dias de chuva "não havia cristão que não escorregasse e caísse, lambuzando a roupa". Solução de Schiavinatto: uma correntinha que se firmava na sola dos sapatos presa por um elástico em cima. E vendeu "milhares" até que a cidade tivesse as primeiras ruas pavimentadas.
Schiavinatto morreu de colapso cardíaco, em 1971. O sepultamento, em 8 de agosto, "notabilizou-se pela presença em massa dos pioneiros", segundo Zortéa. (W.S.)