O amanhecer no município de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) nesta quinta-feira (17) foi de luto pela morte do presidente de honra do Nacional Atlético Clube e ex-vice-prefeito e ex-vereador da cidade José Danilson Alves de Oliveira, morto aos 58 anos na noite de quarta-feira, com golpes de faca.

Imagem ilustrativa da imagem Assassinato de patrono do Nacional abala Rolândia
| Foto: Micaela Orikasa

O prefeito de Rolândia, Dr. Francisconi (PSDB), decretou luto oficial de três dias em memória de José Danilson, que tinha uma extensa trajetória política no município. Ele foi vereador de 2001 a 2012 e por quatro vezes assumiu a presidência da Câmara Municipal. Também foi vice-prefeito em 2012 e iria disputar as próximas eleições para vereador pelo PSB.

Em nota, a prefeitura o descreveu como um dos “ícones na política e no esporte. Danilson era presidente de honra do Nacional Atlético Clube, time de futebol mais longevo do Norte do estado, que é o atual campeão da Taça Federação Paranaense de Futebol e que disputará um Campeonato Brasileiro após 20 anos de espera. Ele deixa um legado de amizade, respeito, admiração e muito trabalho por Rolândia”.

À Folha, Francisconi disse que a tragédia deixou toda a cidade em choque. “Era uma pessoa que estava com a gente no dia a dia, nas decisões do rumo político da cidade. A gente sente um pouco mais, ainda mais da maneira como aconteceu. Isso é um retrato do que está acontecendo em todo o País. As pessoas estão muito violentas”, desabafou.

O presidente da Câmara Municipal de Rolândia, Alex Santana (PSD), lamentou a fatalidade e lembrou da atuação de José Danilson na vida social, política e esportiva no município.

Crime

O crime aconteceu no final da tarde de quarta-feira (16) na rua Santa Catarina, esquina com a Hugo Maria do Vale, na região central de Rolândia, em frente à empresa KonexTelecom, da qual José Danilson era sócio. Uma moradora do bairro, que preferiu não ser identificada, contou que viu José Danilson correr para o escritório ensanguentado. “Ele tinha um ferimento no pescoço e sangrava muito. Em poucos minutos, o Samu chegou. Um horror”, disse.

O assassinato foi confessado por Vinícius Corsini, 20, ex-atleta do clube. De acordo com a PM (Polícia Militar), após a agressão, que teria iniciado com uma discussão, o autor dispensou a faca em uma residência e fugiu sentido bairro Caviúna. Corsini foi contido por moradores, e policiais deram voz de prisão ao jovem pelo crime de homicídio tentado.

A vítima chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital do Coração em Londrina na quarta à noite, para uma cirurgia de emergência, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu pouco antes das 22h. Os golpes de faca atingiram a região do pescoço e da perna. “Como a vítima faleceu, agora o crime se enquadra como homicídio qualificado, podendo pegar de 12 a 30 anos de prisão”, informou o delegado Marcos Rubira, plantonista na 22ª Subdivisão de Arapongas.

O jovem responsável pela agressão é jogador de futebol nascido em Rolândia e tem passagens pela polícia por posse de drogas, em 2015, e roubo em 2017. Segundo o delegado, Corsini falou durante o depoimento que não tinha intenção de matar e disse estar arrependido.

Sobre a linha de investigação do crime, o delegado contou que Corsini alegou que “a vítima teria conversado com sua mãe no sentido de flertar, mas essas informações não estão formalizadas ainda porque alguns funcionários do clube disseram que o jovem nutria uma raiva por José Danilson devido ao seu desligamento do time”. Corsini foi desligado do Nacional no início do ano, após dois anos de contrato.

Defesa

Por nota, a defesa de Vinícius Corsini informou que “o Inquérito Policial está em fase inicial, o que impede a defesa técnica de trazer detalhes dos fatos.” De acordo com o texto, “a motivação do delito não está ligada a contrato, demissão, convocação ou outro motivo relacionado à profissão que o jovem exercia, conforme será demonstrado oportunamente”.

Homenagens

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| Foto: Micaela Orikasa

João Batista da Silva, gerente no Nacional Atlético Clube, foi uma das últimas pessoas a conversar com José Danilson antes do crime. “É uma coisa que ninguém consegue explicar. É muito triste porque ele vivia uma expectativa muito grande em relação à Série D do Brasileiro, um campeonato de nível nacional e que eles conquistaram a vaga no ano passado, na Copa Paraná. Ele era muito ativo, muito atuante, um apaixonado pelo futebol. Vamos procurar fazer a coisa certa, buscar os objetivos e se Deus quiser, no sábado, fazer um grande jogo e conseguir uma vitória em homenagem a ele”, ressaltou.

O treinador do Nacional, Rafael Andrade, classificou o ocorrido como uma tragédia e também falou sobre o jogo de sábado (19) contra a Ferroviária, no estádio Érich Georg, em Rolândia. “Estamos todos arrasados com essa notícia. O Danilson era uma pessoa muito especial, apaixonado por esse clube. Tratava o Nacional como um filho e vamos treinar hoje porque a gente sabe que ele, enquanto comandante, jamais gostaria que a gente não treinasse e sábado vamos fazer um jogo enlutado, mas grandioso, em sua homenagem. Esse é o nosso espírito aqui no Nacional”, disse.

Andrade afirmou que Vinícius Corsini atuou no ano passado pelo Nacional na disputa do Campeonato Paranaense da Divisão de Acesso, mas que neste ano já não fazia mais parte do elenco do clube. O treinador relatou que trabalhou pouco tempo com o ex-atleta, que teve alguns atos de indisciplina enquanto tinha contrato com o NAC, como ausência em treinos e não cumprimento de horários e regras do clube.

Apesar do crime, a estreia do Nacional na série D do Brasileiro está confirmada para sábado (20), às 15h30, no estádio Erich George, diante da Ferroviária (SP).

José Danilson nasceu em Palmital (centro-oeste), mas mudou-se para Rolândia há muitos anos. Ele deixa esposa e duas filhas pequenas.

O velório será realizado a partir das 14h, na Igreja Evangélica Assembleia de Deus, na avenida das Palmeiras, 1041, em Rolândia, até as 17h30. Como Danilson era sargento aposentado da Polícia Militar, uma honraria militar será realizada às 17h40, horário marcado para o sepultamento no cemitério municipal.

Redes sociais

Nas redes sociais, José Danilson recebeu inúmeras homenagens de amigos, familiares e clubes esportivos. A diretoria do PSTC (Paraná Soccer Technical Center) escreveu que “Por mais de uma década, José Danilson foi dirigente do Nacional Atlético Clube, de Rolândia, equipe pela qual nutrimos imenso respeito. Esperamos que diretores, funcionários e torcedores do NAC superem este momento de dor o quanto antes.”

O Maringá Futebol Clube escreveu que o futebol está em luto. “Recebemos há pouco a triste notícia do falecimento do Sr. José Danilson Alves de Oliveira, presidente do Nacional Atlético Clube, de Rolândia, um dos nossos adversários na Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense. O Maringá Futebol Clube, neste momento difícil, se solidariza e deseja muita força aos familiares, amigos, colaboradores e torcedores da equipe.”

O Sport Club Campo Mourão também externou votos de profundo pesar, assim como a Torcida do Nacional, que manifestou “o mais profundo pesar o falecimento do então Presidente do Nacional Atletico Clube, o Sr. Danilson, do qual dirigiu o clube por 20 anos de forma brilhante. Danilson tinha muito amor pelo clube será lembrado eternamente.”

A FPF (Federação Paranaense de Futebol) decretou luto oficial de cinco dias e determinou que se faça um minuto de silêncio nas partidas realizadas no Estado.