Em uma área de 86 hectares preservados da Mata Atlântica, com inúmeras espécies de animais e plantas, às margens da Avenida Dez de Dezembro, na zona sul, o Parque Arthur Thomas traz a cor verde para a selva de concreto que é Londrina. Como parte das atividades da 21ª Semana Nacional de Museus, foi proposta uma visita guiada a uma das principais trilhas do parque: a do Tatu. A programação foi desenvolvida pelo Museu Histórico Padre Carlos Weiss e pelo Museu de Arte de Londrina seguindo a temática da sustentabilidade prevista para a edição.

A visita aconteceu na quinta-feira (18), data em que foi celebrado o Dia Nacional do Museu, e foi coordenada por Jonas Henrique Pugina, gerente de Parques e Biodiversidade da Sema (secretaria municipal do Ambiente) e presidente do Conselho Municipal do Ambiente.

O Arthur Thomas tem oito trilhas, sendo quatro abertas para o público: apreciação de diversas espécies de plantas e animais nativos da Mata Atlântica
O Arthur Thomas tem oito trilhas, sendo quatro abertas para o público: apreciação de diversas espécies de plantas e animais nativos da Mata Atlântica | Foto: Jéssica Sabbadini

O Parque Arthur Thomas conta com oito trilhas, mas apenas quatro estão abertas ao público. Com 1,2 quilômetro, a do Tatu permite a apreciação de diversas espécies de plantas e animais nativos da Mata Atlântica, como a peroba-rosa, o cedro-rosa e a paineira, assim como de macacos-pregos, pacas, capivaras, quatis, tatus e inúmeras aves e insetos.

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O biólogo explica que o parque é sediado onde, originalmente, foi construída a primeira usina hidrelétrica de Londrina. Chamada de Usina Cambé, ela foi inaugurada em 1939 e desativada em 1967. Em 1975, por meio de uma lei municipal, foi criada o parque e, a partir de 1987, ele foi aberto ao público. Hoje, a lagoa é exclusiva para contemplação. Já o nome veio de um dos fundadores da cidade de Londrina, o escocês Arthur Hugh Miller Thomas.

Logo no começo da trilha, os visitantes passam pelo Córrego Piza, que nasce a 100 metros do parque e, após se juntar a outros afluentes, deságua no Rio Paraná. De acordo com Pugina, a água fica mais limpa conforme os rios e córregos se afastam da cidade.

Onde hoje é o Parque Arthur Thomas funcionou a primeira  usina hidrelétrica de Londrina, construída em 1939
Onde hoje é o Parque Arthur Thomas funcionou a primeira usina hidrelétrica de Londrina, construída em 1939 | Foto: Jéssica Sabbadini

LAGO, PLANTA E UMIDADE

Mais a frente, uma planta ornamental se mostra como uma agente de degradação ambiental no local. Uma trepadeira jiboia cresce entre as árvores nativas, e pode ter sido deixada no parque por algum visitante. Segundo o biólogo, a equipe do parque faz a substituição dessas espécies por outras nativas do bioma. “Aqui existe competição entre as espécies, mas a mata vai se sobrepor à jiboia”, explica.

Ao passo em que a trilha adentra o parque, a umidade do ar vai ficando mais alta e a temperatura vai caindo. O biólogo da Sema afirma que, em alguns pontos da mata, a temperatura pode ser até 6° mais baixa do que em áreas em que há predominância de concreto. “É uma riqueza ter esse parque cravado dentro da cidade de Londrina porque ele melhora a umidade, a respiração das pessoas e diminui a temperatura”, esclarece.

Nativa do bioma, o guapuruvu, como explica Pugina, é uma árvore de crescimento rápido, mas que, por conta disso, tem uma madeira menos densa e mais macia, muito utilizada na construção de embarcações. Por outro lado, a peroba-rosa, também nativa, foi muito utilizada pelos pioneiros do norte paranaense na construção de casas por ter uma madeira resistente. “Mais do que a araucária, a peroba-rosa pode ser considerada a árvore símbolo do Paraná”, destaca.

MACACOS-PREGOS

Entre plantas como o jaborandi, muito utilizado em cosméticos, e de árvores como a flor de mel, que forma uma espécie de telhado em trechos da trilha, é fácil dar de cara com um bando de macacos-prego. De acordo com Jonas Pugina, há dois bandos dentro do parque: um com 13 integrantes e outro com mais de 40. Segundo ele, os macacos-pregos do Paraná são os únicos que utilizam instrumentos de madeira e pedra. Por serem animais curiosos e que tendem a sair do parque, o biólogo conta que os macacos-pregos recebem uma suplementação alimentar composta de frutas nativas.

Algumas espécies de árvores levam como nome suas características, como o pau-jacaré, que tem propriedades medicinais e as cascas lembram a pele de um jacaré. Já a paineira que, apesar do tronco repleto de espinhos (que servem como mecanismo de defesa), produz a paina, que é como um fio de tecido muito utilizado pelos pioneiros para encher colchões e travesseiros.

Imagem ilustrativa da imagem Arthur Thomas é um diamante verde no coração de Londrina
| Foto: Jéssica Sabbadini

O engenheiro-agrônomo e técnico do Programa Paraná Mais Orgânico, Victor Hugo Silveira, ministrou uma palestra sobre agroecologia após a trilha e ressaltou a importância de ter um espaço verde como o Arthur Thomas. “Isso está em falta em Londrina nos espaços públicos, que não vem sendo ocupados pelas pessoas. Esse parque é histórico e faz parte da vida de todo mundo que nasceu e viveu aqui”, destaca.

Acompanhada da filha de dois anos e oito meses, Aurora, a bióloga Ana Luísa Faria Caetano conta que a menina nasceu durante a pandemia de Covid-19. Por isso, agora ela está apresentando esse tipo de atividade ao ar livre para a filha. “Já é a terceira vez que ela vem aqui [no Parque Arthur Thomas] e ela adora ver a cachoeira. Para mim, enquanto mãe, é uma das coisas que eu gosto de fazer com ela”, afirma.

SERVIÇO

O Parque Arthur Thomas está localizado na rua da Natureza, Jardim Piza, e fica aberto de terça-feira a domingo, das 8h às 17h.

A recomendação de Jonas Pugina é de passar muito repelente e protetor solar, além de não interagir diretamente com a fauna e flora, como não alimentar ou se aproximar dos animais e não fazer a retirada de plantas e sementes. “Além disso, é importante sempre se manter na trilha e usar calçados fechados, já que há animais venenosos, como aranhas, escorpiões e cobras, que são nativos da Mata Atlântica”, orienta.

O Arthur Thomas tem oito trilhas, sendo quatro abertas para o público: apreciação de diversas espécies de plantas e animais nativos da Mata Atlântica
O Arthur Thomas tem oito trilhas, sendo quatro abertas para o público: apreciação de diversas espécies de plantas e animais nativos da Mata Atlântica | Foto: Jéssica Sabbadini
Onde hoje é o Parque Arthur Thomas funcionou a primeira  usina hidrelétrica de Londrina, construída em 1939
Onde hoje é o Parque Arthur Thomas funcionou a primeira usina hidrelétrica de Londrina, construída em 1939 | Foto: Jéssica Sabbadini
Onde hoje é o Parque Arthur Thomas funcionou a primeira  usina hidrelétrica de Londrina, construída em 1939
Onde hoje é o Parque Arthur Thomas funcionou a primeira usina hidrelétrica de Londrina, construída em 1939 | Foto: Jéssica Sabbadini