Uma terceira morte por dengue foi confirmada em Arapongas, na Região Metropolitana de Londrina. Um idoso de 93 anos morreu por complicações há cerca de um mês, mas a confirmação foi divulgada nesta terça-feira (14). Os óbitos anteriores ocorreram em março e também no mês de maio. São dois homens, de 67 e 70 anos, respectivamente, sendo este último, Luiz Roberto dos Santos, o professor “Peta”, que exercia o cargo de secretário municipal de Educação.

Com pouco mais de 124 mil habitantes, Arapongas já registrou 5.312 notificações da doença e 2.365 casos positivos. Outros 51 casos estão em investigação. Os números refletem o cenário epidemiológico de 1º de agosto de 2021 até esta quarta (15).

Os números são quase a metade dos registros em Londrina, onde vivem mais de 575 mil pessoas, com apenas uma semana de diferença. De 1º de agosto de 2021 até o dia 07 de junho de 2022, a cidade registrou 10.873 notificações e 1.017 confirmações, conforme o último boletim divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

Apesar do cenário preocupante, o coordenador do Controle de Endemias em Arapongas, Valdecir Pardini, afirma que o número de notificações vem caindo nas últimas semanas. “Todos os dias pela manhã, recolhemos as notificações dos três prontos atendimentos 18h, da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e o Pronto Atendimento 24h Humaniza. Desses cinco locais onde são notificados os casos de dengue, já chegamos a recolher em torno de 300 notificações por dia e agora, esse volume gira em torno de cinco a seis”, afirma.

DOENÇA CÍCLICA

Segundo Pardini, a epidemia no município está relacionada a alguns principais fatores. “A gente sabe que a dengue é uma doença cíclica, que a cada três anos vem ‘pegando’ todo mundo e Arapongas, nos últimos cinco anos, foi um dos poucos municípios da região que não entrou em epidemia. A gente entende que nossa população não estava imune ao tipo 1 da dengue, logo nos tornamos mais suscetíveis”, explica.

Outro ponto apontado por ele são os imóveis fechados. Do total de aproximadamente 63 mil imóveis na cidade, em cerca de 30% as equipes de endemias não conseguem acesso para vistoriar os quintais. “Temos uma grande parcela que trabalha em outros municípios e outra parte, é por não querer atender nossas equipes. Esse índice de pendência é um fator crucial para nós. Além disso, tem o fator clima. Com o frio, a tendência é uma diminuição dos casos”, completa.

Imagem ilustrativa da imagem Arapongas registra terceiro óbito por dengue
| Foto: Divulgação/Prefeitura de Arapongas

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CARROS ABANDONADOS

De acordo com Pardini, a expectativa é de que o número de notificações e casos confirmados continuem em queda devido às ações de combate ao Aedes aegypti. Uma delas é o reforço no cumprimento da Lei nº 4.559/2017, que dispõe sobre a remoção de veículos abandonados em vias públicas e sanções aos respectivos proprietários.

“Esses veículos são potenciais criadouros para o mosquito, tendo em vista que, em algumas situações, os veículos estão em péssimo estado de conservação, com vidros quebrados e capôs amassados, o que pode facilitar o acúmulo de água. O prefeito determinou que seja feito um acompanhamento mais efetivo desses carros em vias públicas, com notificação e remoção”, diz.

De acordo com a legislação municipal, “o veículo removido será levado pelo órgão municipal competente para o pátio de recolhimento da Prefeitura Municipal e a sua liberação está condicionada a apresentação de documentos e pagamentos de taxas de remoção e diárias referentes ao período de estadias, cujos valores serão fixados por decreto regulamentador, pelo Poder Executivo Municipal.”

Além disso, “os veículos que permanecerem no pátio da Prefeitura Municipal, por mais de 90 (noventa) dias, sem a devida retirada ou justificativa plausível de seu proprietário serão leiloados como sucata.”

CONJUNTO FLAMINGOS

Durante o mês de maio, dois carros fumacês percorreram cerca de 570 quarteirões para combater o mosquito na fase adulta. Também foram instaladas 108 ovitrampas (armadilhas) em todo o município, mas com reforço no conjunto Flamingos, na região leste. “É uma área ampla, onde vivem mais de 30 mil habitantes e temos oito mil imóveis. O surto da doença começou ali e virou uma epidemia. Hoje, as últimas notificações têm sido na região Oeste, especificamente no bairro Corina Pugliesi”, comenta.

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| Foto: Divulgação/Prefeitura de Arapongas

Também foram realizados nas últimas semanas os bloqueios em diversos bairros com UBV Costal, além de mutirões Bota Fora. Agora, o município segue com as visitas domiciliares, acompanhamento nos pontos estratégicos a cada 15 dias e trabalhos educativos nas escolas.

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| Foto: Divulgação/Prefeitura de Arapongas

“Pedimos para que a população reforce os cuidados dentro de casa, não deixando água parada e não descartando lixo em terrenos baldios. Estamos pedindo que os proprietários de terrenos façam a limpeza dos mesmos e estamos notificando as imobiliárias que têm imóveis fechados para locação”, diz.

PARANÁ

Em todo o Paraná, a Sesa confirmou a morte de mais dez pessoas por dengue, desde 1º de agosto de 2021. Os novos registros elevam para 51 óbitos pela doença no Estado, conforme boletim divulgado na terça (14). As mortes ocorreram entre os dias 7 de março e 11 de maio de 2022, em Pato Branco (2), Verê (2), Medianeira (1), Umuarama (2), Arapongas (1), Cambé (1) e Ribeirão do Pinhal (1). São três mulheres e sete homens, com idades entre 28 e 93 anos, sendo que cinco deles tinham comorbidades.

“Estamos há cerca de 45 dias para fechar o período sazonal epidemiológico da dengue. Temos de continuar a monitorar e remover potenciais criadouros para evitar a proliferação do mosquito”, alertou o secretário de Estado da Saúde, César Neves. Durante este período não houve registro de casos de zika no Estado e 19 casos de febre chikungunya foram confirmados, sendo 4 autóctones e 15 importados. (Com AEN)

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