Emerson, Heloisa, Priscila e Jhonny, integrantes da Amaar: experiências e estratégias para promover conscientização
Emerson, Heloisa, Priscila e Jhonny, integrantes da Amaar: experiências e estratégias para promover conscientização | Foto: Saulo Ohara



Arapongas - A falta de informação sobre o autismo ainda é a causa de muitos diagnósticos tardios sobre este transtorno que, quando identificado antes dos três anos de idade, oferece mais oportunidades de intervenções que vão garantir a redução dos sintomas e uma melhor qualidade de vida para as crianças. A falta de clareza sobre os sintomas, durante a infância dos filhos, foi o que motivou um grupo de mães e pais de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) a criarem o grupo Amaaar (Associação de Mães e Amigos de Autistas de Arapongas).

A fundadora do grupo, Heloísa Holandini, viveu momentos de desespero e muita solidão antes de ter acesso a informações corretas sobre o transtorno que acomete o filho Emerson, 15. Pensando em outras mães e pais que passam pela mesma dificuldade, ela criou o Amaar com o objetivo principal de disseminar conteúdos corretos sobre o assunto. Como parte das estratégias para cumprir esse objetivo, eles promovem no dia 8 de abril, em Arapongas, a 2ª Corrida e Caminhada do Autismo.

Holandini é professora e atualmente trabalha como conselheira tutelar. Por conviver com muitas crianças, percebeu ainda cedo que Emerson tinha um comportamento diferente. "Como acontece com muitos autistas, a professora da escolinha reclamou que ele não interagia e que dava trabalho na sala de aula. Como eu já desconfiava de autismo, procurei um médico que confirmou o diagnóstico. Ele me disse que meu filho jamais aprenderia a ler, escrever ou namorar", recorda.

Imagem ilustrativa da imagem Arapongas promove corrida do autismo



Ela não aceitou o prognóstico e, depois de um tempo, procurou outra médica, que foi mais acolhedora e positiva. Desde então, a mãe buscou intervenção precoce e, hoje, Emerson se prepara para ser o orador da turma na formatura do 9º ano do Ensino Fundamental. Terapia, medicação, terapia ocupacional e o acompanhamento de professores de apoio na escola foram essenciais para garantir o desenvolvimento pleno do adolescente. "Eu também precisei de terapia para aprender a lidar com ele. No início, não dava limites para poupá-lo. Justificava qualquer comportamento por ele ser autista e precisei mudar isso", conta.

Emerson foi o primeiro aluno autista incluso na rede municipal de Arapongas. A mãe também faz questão de levá-lo a todos os lugares para que ele seja cada vez mais capaz do convívio social. "Hoje ele beira a normalidade. Sabemos que, com intervenção precoce, é possível reverter o autismo dentro dos limites", comemora.

Essa é a experiência que ela compartilha com as famílias do grupo Amaaar. São 35 pais e mães de autistas de Arapongas que se reúnem para trocar experiências e traçar estratégias para promover conscientização sobre o transtorno. "Há muita carência de informação e muitas famílias são reservadas sobre o assunto por medo de se expor. Nosso objetivo é informar para acabar com esse estigma", explica.

A assessora de gabinete Priscila Urbano da Silva é uma das integrantes do grupo. Irmã mais velha de Jhonny, 15, ela sabe bem o valor de ter informações sobre o autismo. O adolescente só foi diagnosticado aos 5 anos. Até então, a família tratava o comportamento diferente como "manha" e demorou para buscar intervenção. "Ele brincava sozinho, não gostava de barulho ou movimentação e minha mãe não tinha informações", conta.

Ao chegar à idade de frequentar a escola, ele não se adaptava e "foi convidado a se retirar" de instituições de ensino que não sabiam lidar com ele. "Chegaram a dizer que ele era hiperativo e receitaram ritalina. Ele ficou 'abobado', só dormia e decidimos parar com o remédio. Mas aí as escolas não aceitavam", lamenta.

Foi quando passou a frequentar a Apae que Jhonny teve acesso a acompanhamento de profissionais capacitados para lidarem com autismo. "Para a família é muito difícil aceitar, por isso é importante que haja mais informações. Gostaríamos que ele fosse integrado a uma escola regular, mas não aconteceu. Se tivéssemos mais informações, poderia ter sido diferente desde o início", diz.

SERVIÇO
A 2ª Corrida e Caminhada do Autismo será realizada no dia 8 de abril, com largada as 7h30, na rua Guaratinguetá. Informações no www.amaaar.com.br .