Dez anos depois do início das obras, o CEEP (Centro Estadual de Educação Profissional) do conjunto Aquiles Stenghel, na zona norte de Londrina, está do mesmo jeito: apenas com algumas colunas levantadas. No ano passado, o Governo do Estado anunciou a retomada dos trabalhos, que haviam sido paralisados em 2014 com apenas 19% de execução, após a construção ser alvo de suspeitas de irregularidades no âmbito da operação Quadro Negro.

Mas a alegria dos moradores durou pouco. A empresa - de Cascavel, no Oeste – contratada no final do primeiro semestre de 2022 para dar andamento na edificação por R$ 15,1 milhões não está fazendo nenhum tipo de intervenção. Na época do anúncio da continuidade da construção, representantes da prefeitura deram entrevistas comemorando a medida. De acordo com os vizinhos, a obra estaria novamente suspensa há mais de quatro meses.

“Em agosto, dois meses antes das eleições, eles retomaram a obra, mas em dezembro pararam novamente e em fevereiro vieram retirar os materiais e as máquinas que tinham deixado”, relatou a dona de casa Marcia Daiane da Silva, que mora em frente ao terreno de 12 mil metros quadrados há 21 anos.

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Durante os quatro meses de serviços foram erguidas apenas algumas paredes e o aterramento de parte da área, que chegou a ser isolada com tapumes, no entanto, hoje somente alguns continuam em pé. “Chegaram a construir três casas para abrigar os trabalhadores e guardar ferramentas. Mas levaram o madeiramento e não sobrou nada. Pelo jeito esse reinício de obra foi jogada política, já que ano passado teve eleição”, criticou a pedagoga Marli Rodrigues.

MATO ALTO E LIXO

Em estado de abandono, o que seria o CEEP atualmente está tomado pelo mato, que passa dos três metros de altura. Além disso, o local tem sido utilizado para o descarte irregular de lixo. A FOLHA encontrou no terreno restos de madeira, materiais de construção, latas, pneus, roupas, telhas e plásticos, que podem servir de criadouros para o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya. O Aquiles Stenghel está com alerta amarelo para incidência de casos de dengue.

Marcia, por exemplo, está em tratamento contra um câncer e recentemente foi diagnosticada com dengue. “A obra desse jeito também tem trazido muitos bichos para dentro das casas. Aqui já apareceu cobra, aranha, tudo por causa dessa bagunça que nunca acaba”, reclamou. “Aumentaram muito os registros de furtos nas casas desde que abandonaram novamente. Pessoas têm usado drogas nesse lugar e até bicho morto estão jogando”, denunciou Marli Rodrigues.

PROJETO

A área onde deveria estar pronto o Centro Estadual de Educação Profissional era do município, porém, foi repassada ao Estado em 2009 depois de projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores. A unidade teria capacidade para atender cerca de 900 estudantes, em até três turnos, com a oferta de cursos técnicos.

O projeto prevê mais de 6,5 mil metros quadrados de prédio, dividido em quatro blocos, com 12 salas de aula, área administrativa, cozinha, refeitório, biblioteca, banheiros, ginásio coberto e laboratórios. “É o nosso dinheiro que está indo para o ralo. Esse centro poderia estar tirando os adolescentes das ruas, seria bom para as famílias e no fim fica tudo parado, fora a valorização do bairro, que seria outra. Nem acreditamos mais que essa obra vai para frente. Então, pedimos, pelo menos, que rocem o mato, porque não temos condição de viver com uma situação dessa”, cobram as moradoras.

De acordo com o Fundepar, foram identificados problemas com as fundações, que terão de ser refeitas
De acordo com o Fundepar, foram identificados problemas com as fundações, que terão de ser refeitas | Foto: Pedro Marconi

'PROBLEMAS NA FUNDAÇÃO'

Por meio de nota, o Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional) afirmou que durante a retomada da obra “foram identificados problemas com a fundação executada previamente após a conclusão de um laudo estrutural, uma vez que não garantia a estabilidade das edificações”. Diante deste problema, as fundações terão que ser refeitas.

O instituto destacou que os projetos arquitetônicos e complementares estão sendo adequados para viabilizar a execução. “Como existem essas alterações será necessária nova aprovação de projetos nos órgãos competentes, como Prefeitura de Londrina e Corpo de Bombeiros, entre outros. Os demais projetos complementares (estrutural, hidrossanitário, elétrico, entre outros) estão sendo revisados pela equipe técnica do Fundepar”, elencou.

O Fundepar garantiu que segue com o projeto para construção do CEEP Londrina no mesmo local. “O prazo estimado para retomada das obras é o segundo semestre de 2023”, prometeu.

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