Criada há pouco menos de um ano em Londrina, a Associação dos Portadores de Lesão por Esforço Repetitivo (APLER), já começa a ganhar representatividade. Em reunião realizada ontem, membros da associação discutiam temas para a Pré-Conferência da Sa© úde que será realizada nos próximos dias 25 e 26.
De acordo com a bancária Rosilene Aparecida Carvalho Ferreira, um dos membros da diretoria, o objetivo da associação é amparar e dar informações sobre os direitos dos lesionados. Para isso, há duas reuniões mensais para as quais são convidados médicos, fisioterapeutas, psicólogos e advogados. A associação já conta com 45 integrantes, a maioria bancários. Mas há também uma dentista, uma costureira, uma caixa de supermercado e uma policial. ''As mulheres são as mais atingidas porque dificilmente são promovidas; executam sempre a mesma função'', observa Rosilene.
Ela informa que um dos maiores problemas enfrentados pelos portadores de LER é a falta de consciência dos empregadores. ''Os bancos não cumprem os pedidos de afastamento enviados pelos médicos e não dão condições de tratamento para os lesionados'', diz. Para a dispensa do funcionário, exigem atestado do INSS, que não considera a LER uma doença e não tem peritos especializados no assunto. ''Somos atendidos por ginecologistas. Às vezes, nos encaminham para um ortopedista terceirizado, que deve ter um acordo com o INSS, pois sempre dá alta para todo mundo'', denuncia Rosilene, que relaciona essa postura à falta de informação generalizada. ''No começo, a doença não é visível, o que acaba fazendo com que os lesionados sejam discriminados dentro da empresa'', afirma.
Segundo ela, para conseguir afastamento, o funcionário precisa chegar a uma situação deplorável. ''Só consegui licença porque o braço paralisou e as pontas dos dedos necrosaram'', conta Rosilene, que ficou afastada do emprego por quase três anos, voltou em abril e trabalha com tipóia no braço. ''Não tinha condições de retomar as atividades mas mesmo assim tive alta''.
De acordo com o secretário de saúde do Sindicato dos Bancários, Sílvio Fontana, na região de Londrina (que inclui 26 cidades), há dois mil bancários. Estima-se que 20% tenham uma ou mais lesões por esforço repetitivo nos mais variados graus. ''A doença é subnotificada. Muitas pessoas escondem por medo de perder o emprego'', denuncia, observando que a LER poderia ser prevenida dentro da própria empresa, com aulas de alongamento e as pausas de 10 minutos recomendadas para o pessoal que trabalha com digitação, procedimentos não cumpridos pelos bancos.