'Acho que vou longe ainda', projeta idoso
'Acho que vou longe ainda', projeta idoso | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Rolândia - Nem o suporte para soro impossibilitou a celebração do comerciante aposentado Pedro Bernardy ao deixar o hospital. Cantando e dançando, o rolandense de 80 anos fez até música enaltecendo sua vitória sobre a Covid-19. Foi uma semana de internamento em enfermaria, em Londrina, por conta da doença. Fazendo parte do grupo de risco, ficou hospitalizado para que fosse acompanhado por equipe médica.

A receita para se recuperar vem de um lema que carrega desde criança: otimismo. “Não fiquei pensando questões ruins, que tenho 80 anos e ia morrer. Pensei que iria ‘tirar de letra’ a doença”, destaca. “Quando a pessoa chega no hospital estão todos preocupados, apavorados, mas não é o fim do mundo. Os médicos e enfermeiros incentivam a se recuperar, são todos muito profissionais. Tudo isso deixa o ambiente animado”, agradece. O atendimento foi feito no Hospital do Coração.

A descoberta sobre a infecção pelo coronavírus aconteceu poucos dias depois de completar oito décadas de vida. “Na hora de levantar o corpo estava dolorido, tinha diarreia, tosse leve”, elenca. A febre contínua levantou o sinal de alerta. “Fiz um teste em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) e deu positivo. Fiz outro em Londrina e também deu positivo. Foi um susto, pois, não imaginava que poderia ser Covid”, conta.

Durante bateria de exames, uma tomografia apontou início de inflamação no pulmão. “Não estava sentido falta de ar e o médico deu opção de tratar em casa ou internar, porém, sugeriu ficar no hospital, pois, o fator de idade pesa. Conversei com a minha família e achamos melhor internar”, explica. A quarentena foi completada com mais uma semana de isolamento domiciliar. No Paraná, cerca de 75% dos óbitos pela Covid-19 foram de pessoas com 60 anos ou mais.

O filho e a nora também foram diagnosticados com a presença do Sars-CoV-2, causador da atual pandemia, no mesmo período, com sintomas brandos. O idoso não sabe como contraiu o vírus. “Obedeço a todos os protocolos rigorosamente, sou extremamente cuidadoso”, garante.

ROTINA ATIVA

Descendente de alemães, Pedro Bernardy é filho de família pioneira de Rolândia. Nascido e criado no município, estudou por dois anos em Jacarezinho (Norte Pioneiro) e viveu por um ano no Rio de Janeiro, quando foi chamado para servir o Exército. Por 38 anos esteve à frente de uma loja de materiais de construções.

Agora, vive a fase de aposentadoria, mas apenas na nomenclatura. Dono de propriedades rurais, cuida das áreas arrendadas e mantém uma rotina ativa. “Só que não tenho compromisso, nem dia e horário para isso”, avisou com bom humor. Pai de três filhos, duas mulheres e um homem, é avô de cinco netos, todos meninos. Apesar da idade avançada, não tem nenhuma comorbidade. “Minha saúde é boa. Só tomo dois remédios como prevenção à hipertensão e colesterol.”

PROJEÇÃO

Com uma lista extensa de locais que já conheceu no Brasil e pelo mundo, Bernardy já planeja viajar com a família quando a pandemia passar, mantendo uma de suas atividades preferidas. Sobre o futuro, diz desconhecer, porém, certo de que ainda tem muito a viver. “Tem que pedir para o ‘chefe’ lá em cima (viver mais tempo), mas estou bem. Acho que vou longe ainda”, projeta o idoso, que mantém o hábito da leitura e é assinante da FOLHA há 30 anos.

Fazendo parte dos mais de mil curados de coronavírus de Rolândia, não pensa em descuidar e recomenda o mesmo. “As pessoas precisam ficar preparadas e de olho. Qualquer sinal diferente vai fazer o exame, não ficar esperando, porque pode ter problemas maiores. Além disso é essencial seguir todas as regras indicadas, dentro e fora de casa”, frisa.