O problema é antigo, mas com tempo só tem piorado e chegou no limite. O estado de abandono das antigas casas da aeronáutica, no jardim Aeroporto, zona leste de Londrina, tem incomodado os moradores, que marcaram um protesto para quinta-feira (21) como forma de chamar a atenção sobre uma solução para a área, que tem cerca de sete mil metros quadrados. “É uma manifestação pacífica para tentar sensibilizar as autoridades”, frisou a corretora de imóveis, Cirlete Marcondes.

O espaço, atualmente, está tomado pelo mato alto, que impede até mesmo as pessoas de usarem parte das calçadas. Além disso, as residências estão vandalizadas, com pichações, vidros quebrados e também têm servido como abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de drogas. Em um dos imóveis, por exemplo, é possível ver um colchão na entrada e na parte de dentro vários objetos, mostrando que o isolamento que havia sido colocado foi violado.

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Insegurança que virou alvo de reclamação dos vizinhos. Isso a poucos metros do Aeroporto governador José Richa e em frente à Praça Nishinomiya, uma das principais da cidade. “É um descaso com o nosso bairro, visto que está ao lado do aeroporto, onde cuidam a todo momento da iluminação, é o trajeto para quem vai pegar um voo. Nós estamos indignados pelo descaso quando cobramos atenção ao problema das casas abandonadas”, lamentou a servidora pública Maria Izabel de Souza Alves, que mora há sete anos na região.

Matagal também tomou conta da calçada, impedindo a passagem de pedestres
Matagal também tomou conta da calçada, impedindo a passagem de pedestres | Foto: Pedro Marconi

Se não bastassem os animais peçonhentos, a grande quantidade de mosquitos Aedes aegypti, pela combinação de lixo com matagal, assusta os moradores. “São muitos casos de dengue no entorno das casas. Eu peguei, minha filha está com dengue pela segunda vez em um tempo curto. É muito triste a situação que temos que conviver”, desabafou Maria Izabel.

PLANOS FRUSTRADOS

A FOLHA mostrou em janeiro que depois de cinco anos de negociação, a prefeitura desistiu de ter a posse das 17 casas junto à FAB (Força Aérea Brasileira). A ideia era construir uma vila para idosos, no entanto, o município informou que em razão de impasses legais devolveu os terrenos, que até então estavam em posse do poder público londrinense por meio de posse precária. A Advocacia-Geral da União entendeu que o local pertence à União e não à Aeronáutica.

Os imóveis, que estão espalhados entre as avenidas Santos Dumont e Paul Harris, foram utilizados como moradia para militares que trabalhavam na cidade. “Desde 2010 estão desocupados. Até 2019 a Aeronáutica mantinha uma equipe de limpeza. Mas há cerca de quatro anos veio a notícia que a prefeitura ia assumir, em 2022 fizeram um barulho danado, abriram os muros, tiraram a sujeira. No entanto, desde dezembro do ano passado ninguém faz mais nada para cuidar”, contou Cirlete.

JOGO DE EMPURRA

Para os vizinhos, falta diálogo entre a prefeitura e a FAB em busca de um alinhamento sobre os cuidados do terreno, independentemente de quem seja o proprietário. “Estamos vivendo um jogo de empurra. Fomos ver para pagar para alguém para limpar, mas é R$ 1,8 mil, sem retirar o lixo. Não temos como bancar. Pagamos IPTU, outros impostos já. Quando um local tem problema não descobre o real proprietário para resolver. Visto que é um espaço público, a prefeitura poderia limpar o entorno ou multar o devido proprietário das casas. Não é assim que funciona quando deixamos terrenos sujos?”, questionam.

RESPOSTAS

A Prefeitura de Londrina afirmou que “as casas são da Aeronáutica, que tem a responsabilidade de sua destinação”. A Força Aérea Brasileira disse, via setor de comunicação, que deverá se manifestar durante a tarde desta terça-feira (19).