Arapongas - O prédio da antiga estação ferroviária de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) será revitalizado. A licitação para a obra foi vencida por uma empresa de Londrina e a expectativa da prefeitura é que a ordem de serviço seja assinada ainda em janeiro, para efetivo início dos trabalhos.

Inaugurada em 1941 e desativada na década de 1960, a estrutura que já funcionou como estação de passageiros também foi museu
Inaugurada em 1941 e desativada na década de 1960, a estrutura que já funcionou como estação de passageiros também foi museu | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Após as intervenções, o espaço vai receber a sede da secretaria municipal de Cultura, que atualmente funciona na biblioteca central. O investimento será de R$ 316 mil e o prazo para finalização é de 150 dias. Inaugurada em 1941 e desativada na década de 1960, a estrutura que já funcionou como estação de passageiros também foi museu.

Hoje, o local apresenta as marcas do tempo, vandalismo e ocupação. Um grupo de índios está vivendo no prédio. Várias paredes estão pichadas e os vidros foram quebrados. Além disso, há muito lixo, colchonetes, restos de alimentos e até carrinho de bebê. O odor de urina é forte e pode ser sentido a metros de distância das portas.

ARCOS SERÃO MANTIDOS

O projeto para a revitalização foi confeccionado pelo arquiteto e urbanista Vitor Emanuel Dortas, servidor da secretaria de Obras. Segundo ele, foi necessário realizar todas as medições e a análise do espaço, pois não há registros antigos. Ele explicou que não haverá aumento de área. “É uma reforma para preservar a história e cultura do município por meio do prédio”, destacou.

Os arcos e cobertura serão mantidos e revitalizados, assim como os tijolos, que ficarão à mostra. A área interna vai ser remodelada e contará com sala de reunião, gabinete para secretaria, banheiros, cozinha, sala de serviço. Ainda será construído um salão com um ambiente para futuramente receber uma cafeteria. O salão poderá ser utilizado para exposições temporárias.

Dortas frisou que haverá várias melhorias para promover acessibilidade e adequar o espaço às normas do Corpo de Bombeiros. “As entradas e saídas que atualmente estão voltadas para a linha do trem vão ficar para o lado da avenida Rouxinol. As esquadrias e portas serão novas e terá redimensão das portas”, elencou.

A revitalização faz parte de outras benfeitorias em execução no entorno, que são o barracão que antigamente servia como depósito da ferrovia, no período da estação funcionando, e onde se realiza a Feira da Lua e a praça Mauá.

Expectativa da prefeitura é que a ordem de serviço seja assinada ainda neste mês
Expectativa da prefeitura é que a ordem de serviço seja assinada ainda neste mês | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

INSEGURANÇA

Passando diariamente pela ciclovia que passa em frente à antiga estação, o servente de pedreiro Antonio Aparecido da Silva classificou o atual estado do prédio como “crítico”. “Deste jeito está difícil. Todo deteriorado, invadido. A noite não arrisco passar por aqui”, relatou. Em Arapongas para visitar o filho, a autônoma Ilda Santos se impressionou com o visual da estrutura. “Está feio. Se tiver melhorias poderá ficar muito melhor”, opinou a moradora de Curitiba.

Vivendo em Arapongas há 70 anos, o vendedor aposentado Jesus Silveira afirmou que o problema de abandono é antigo. “É ruim até para a cidade, pois, fica praticamente na entrada da região central. Faz tempo que está deste jeito. O que fizerem para mudar será bem recebido”, ressaltou. A antiga estação chegou a receber uma pequena reforma em 2015, depois de um incêndio.

ÍNDIOS

Proteções foram instaladas nas entradas da estação, mas o arame foi cortado e a área invadida. Uma equipe da secretaria municipal de Assistência Social realizou uma abordagem no dia 17 de janeiro e contabilizou 11 indígenas abrigados no local. “O grupo era maior. A Guarda Municipal fez uma ação em que levou vários para os locais de origem. Os índios que ficaram são da comunidade Avaí, de Manoel Ribas (Central)”, disse a responsável pela pasta, Ismailda Ferreira da Lima da Silva. De acordo com a secretária, eles assumiram o compromisso de ir embora até 6 de fevereiro.