Antiga estação de Ibiporã é uma homenagem ao café
Inaugurado em 2012, museu resgata história da cidade e da antiga estação ferroviária
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
Inaugurado em 2012, museu resgata história da cidade e da antiga estação ferroviária
Pedro Marconi - Grupo Folha
Ibiporã - 'Ouro' do Norte paranaense entre as décadas de 1930 e 1970 e propulsor do desenvolvimento da região, o café tem seu valor reconhecido no museu que leva o nome do fruto em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina). Inaugurado em 2012, o Museu do Café é um dos poucos com essa temática no Brasil. O funcionamento é na antiga estação ferroviária da cidade, tombada pela Coordenadoria do Patrimônio Histórico do Estado do Paraná.
A FOLHA traz reportagens sobre como estão as antigas estações ferroviárias. Em janeiro, a matéria foi do espaço de Arapongas, que vai ser reformado para se tornar sede da secretaria de Cultura. O prédio em Ibiporã, a segunda estação do município, foi construído em 1952 e revitalizado há cerca de dez anos, sendo mantida a arquitetura original. Os recursos foram do Ministério do Turismo. O pátio ferroviário é da União e foi cedido ao município em contrato.
O Museu do Café faz parte do Complexo Socioeducativo, Turístico e Cultural de Ibiporã, que abriga ainda casas históricas dos ferroviários que trabalhavam na estação, auditório e a sede de duas secretarias. “A ferrovia escoou o café para o Porto de Paranaguá e Santos, trouxe pessoas para urbanizar o entorno de grandes centros”, recorda o jornalista Jaime Kaster, que tem vasta pesquisa sobre a história de Ibiporã e da estação.
A história e a importância do café estão valorizadas do teto ao chão do museu. Na parte de cima, peneiras decoram, mas também rementem ao passado. Nas paredes e painéis, uma linha de tempo formada com fotos mostram a evolução e principais acontecimentos do município e da própria estação. Ao lado, sacarias denotam o peso do fruto para a formação de todo um território.
OBJETOS HISTÓRICOS
Além disso, diversos objetos históricos, junto com as fotografias, compõem a exposição permanente "Café: Nossa História", que é autoguiada. Entre as peças estão máquina de costura, louças e rádio antigos e ferro de passar à brasa. Todos os itens foram doados por famílias pioneiras. O restante está guardando como reserva técnica em duas salas.
“Tudo isso traduz a força do café para Ibiporã. A matriz, por exemplo, foi construída com doação de sacas de café. Até a década de 1980, a maioria da população da cidade morava na área rural. A maior parte dos pioneiros da cidade chegou pela estação”, destaca Kaster, que é assessor de comunicação da secretaria municipal de Cultura e Turismo. A primeira estação de trem de Ibiporã foi inaugurada em 1936.
As visitas são gratuitas e quando existem grupos guiados - acima de dez pessoas - há a necessidade de agendamento prévio. Muitos alunos de escolas vão ao prédio, principalmente em atividades relacionadas às disciplinas de história e geografia. Uma sala audiovisual é dedicada para transmissão de vídeos gravados com pioneiros. “Queremos que as crianças e jovens entendam o processo econômico e cultural que envolve o café. É a prática” aponta o secretário de Cultura e Turismo de Ibiporã, Agnaldo Adélio.
LIGAÇÃO
Responsável por mostrar o Museu do Café para os visitantes que procuram a estação espontaneamente ou em grupos pequenos, a servidora Maria Aparecida Francisco Ribeiro vê no espaço um pouco de sua história. “Saí da roça com a minha família na década de 1970 por causa da grande geada que teve e acabou com tudo. O museu me lembra da minha trajetória. Limpava os troncos dos pés de café”, conta.
Única nascida em Ibiporã numa família de sete irmãos, Cida, como é carinhosamente conhecida e chamada, diz com orgulho que trabalha no local praticamente desde a inauguração. “Gosto muito de ficar aqui. Sou feliz. Nasci em Ibiporã e nunca sai daqui”, frisa.
SERVIÇO - A visitação ao Museu do Café de Ibiporã pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. O telefone é (43) 3178-0392.
COZINHA DO PIONEIRO
A história também pode ter sabor. Com o objetivo de resgatar a memória de Ibiporã, foi iniciado o projeto “Cozinha do Pioneiro”, que terá como “palco” o Museu do Café. Famílias que se instalaram na cidade até a década de 1950 ou foram para a cidade da Região Metropolitana de Londrina a partir dos anos 1970 estão sendo convidadas a integrar a iniciativa.
Cada participante irá reproduzir um prato típico, que terá todo o processo filmado e divulgado nas redes sociais da Prefeitura de Ibiporã e das secretarias envolvidas. A cozinha onde serão feitas as filmagens é o café desativado da antiga estação ferroviária, que ganhou novos apetrechos para ambientar a proposta. O bar foi inativado por conta da baixa demanda.
Posteriormente, as receitas serão reunidas num livro, que ainda vai contar com fotos e depoimentos das famílias. A expectativa de lançamento é o primeiro semestre deste ano. “Escolhemos gravar no museu por ter uma questão nostálgica”, explica Jaime Kaster, assessor de comunicação da secretaria municipal de Cultura e Turismo. “Os vídeos deverão ter, no máximo, cinco minutos”, adiantou.
Segundo Agnaldo Adélio, a intenção também é encontrar, por meio da tradição regional de origem dos participantes, a identidade culinária de Ibiporã. “É uma maneira de encontrarmos um prato típico da cidade ou até da região, o que não temos atualmente. Temos várias influências, mas nada definido”, aponta o secretário de Cultura e Turismo.
Muitas famílias que deverão preparar os pratos têm objetos doados e que fazem parte do Museu do Café. As inscrições continuam abertas.
SERVIÇO - Para participar do projeto “Cozinha do Pioneiro” é preciso ligar para (43) 3178-0215 ou 3178-0216.