Faleceu na madrugada desta terça-feira (27), em Londrina, o ciclista Edson Rossato de Oliveira, 48, atingido por um motorista supostamente embriagado na rodovia Mábio Gonçalves Palhano, perto do cruzamento com a PR-445, nos arredores do shopping Catuaí, na zona sul. Seus amigos preparam uma pedalada a partir do posto Samuara, com saída às 19h30, até o velório, na capela 1 da Acesf (Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina), em homenagem à vítima. O enterro está previsto para as 9h30 desta quarta (28).

O acidente que vitimou Oliveira ocorreu na noite do dia 21 de fevereiro, quando ele voltava para Londrina com um grupo de 22 ciclistas após uma pedalada noturna. Conforme informações da polícia, o motorista que provocou a morte fugiu do local sem prestar socorro, mas foi preso logo depois no centro da cidade. Oliveira sofreu traumatismo craniano e foi encaminhado para a Santa Casa de Londrina em estado grave. Ele passou por uma cirurgia no mesmo dia do acidente, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.

O acidente que resultou na morte do ciclista infelizmente não é exceção em Londrina. Conforme informações da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), somente nos dois primeiros meses de 2018, foram registrados 25 acidentes com esse meio de transporte no município: foram 15 quedas, seis colisões com automóveis, uma colisão com moto e três atropelamentos de ciclistas. No ano passado, seis ciclistas vieram a óbito na cidade após se envolverem em acidentes de trânsito. Cinco deles colidiram com carros e não resistiram aos ferimentos.

"Ciclistas correm muitos riscos nas ruas", denunciou o encarregado de manutenção Valdir do Prado, que pedala no mesmo grupo do qual Oliveira fazia parte, o Pedal em Londrina. Ele presenciou o acidente e garante que não havia motivo para que o carro atingisse a vítima com tanta violência. "Estávamos do lado direito, com as bicicletas iluminadas e sinalizadas. O motorista provocou o acidente e e se evadiu do local sem qualquer reação, como se não tivesse acontecido nada", lamenta.

Em protesto à falta de respeito dos motoristas para com os ciclistas, o grupo realizou uma pedalada pelas ruas de Londrina no sábado (24). "A ideia foi mostrar ao trânsito que os ciclistas também fazem parte dele. Somos uma realidade e precisamos de respeito", afirma.

Em geral, o grupo de pedalada do qual faz parte trafega por trilhas na zona rural e tenta evitar ao máximo a zona urbana justamente pelo risco de acidentes. Também utilizam equipamentos de segurança como luvas, capacetes, óculos e toda a sinalização necessária. Prado conta que, há algum tempo, tentou usar a bicicleta para ir ao trabalho mas logo desistiu. "O risco é muito grande, os motoristas precisam lembrar do que estudaram para tirar a habilitação", resume.

Oliveira era gerente em uma empresa de transporte e deixa esposa e dois filhos. Ele tinha começado a pedalar há pouco mais de um ano e, conforme Prado, estava contente por ter vencido o estresse e o sedentarismo. "Ele estava feliz pedalando, porque fez amigos e se divertia", lamenta.

Na empresa onde o ciclista trabalhava há pelo menos uma década, o clima era de muita tristeza. "Ele gostava muito da bicicleta e estava feliz por ter descoberto este esporte", contou a coordenadora administrativa Débora Dias da Silva Rosa, destacando que o colega "era uma pessoa formidável". "Ele era trabalhador, companheiro, bem-humorado e muito responsável. Foi uma grande perda", disse.

VELÓRIO
O velorório começou durante a tarde e foi marcado pela forte comoção de familiares e amigos. Assim como nas redes sociais, eles pedem justiça pela morte do ciclista e lamentam a perda, classificando Edson Rossato de Oliveira como uma pessoa que era "amiga", "alegre" e "carinhosa".

SUSPEITO
O homem suspeito de ter atropelado Oliveira foi preso em flagrante logo após o ocorrido na esquina da avenida Paraná com Hugo Cabral, no centro. Ele apresentava sinais de embriguez, porém se recusou a fazer o teste do bafômetro. O homem, que não teve o nome divulgado, foi autuado por embriguez ao volante e homícidio doloso (quando quem o praticou o crime teve a intenção de matar ou assumiu o risco) consumado, além de omissão de socorro.

De acordo com informações, ele teria sido solto por decisão judicial para responder o processo em liberdade, fazendo com que a investigação seja concluída em 30 dias. A reportagem tentou contato com o Ciac (Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão) por diversas vezes, mas não conseguiu confirmar a informação da soltura. Nos próximos dias as testemunhas começarão a ser ouvidas na Delegacia de Trânsito de Londrina. (Colaborou Pedro Marconi)

Atualizada às 17h45