“Eu nunca me imaginava saindo do Brasil e acabei conhecendo. vários países", afirma Gustavo Palote
“Eu nunca me imaginava saindo do Brasil e acabei conhecendo. vários países", afirma Gustavo Palote | Foto: Vitor Ogawa - Grupo Folha

Jovens de Londrina obtiveram resultados de destaque em competições internacionais neste ano. Gustavo Palote da Silva Martins,18, foi medalha de prata na Olimpíada Internacional de Linguística, na Coreia do Sul. Já Leandro Moreira, 23, foi o segundo colocado na modalidade computação em nuvem na World Skills, competição internacional de profissões, realizada na Rússia. Outro destaque na World Skills é Lucas Lenzi, 19, quinto colocado na competição em redes de cabeamento estruturado, competindo com 15 concorrentes de outras partes do planeta.

Palote, um "veterano" em competições internacionais, conta que sua participação em Seul, em agosto, foi uma experiência bem diferente. “Foi bastante enriquecedor. Tive contato com pessoas completamente diferentes, com outras línguas e com outro povo”, destaca, explicando mais sobre a prova realizada na olimpíada. “São problemas autossuficientes de linguística, ou seja, envolvem utilizar o seu raciocínio para poder desvendar fenômenos em línguas que você não conhece”, destaca. Ele relata que a prova teve cinco questões que deviam ser resolvidas em seis horas.

O jovem, que é aluno do curso pré-vestibular do Colégio Ateneu, ganhou, além da medalha de prata, um prêmio extra por ter respondido com a solução perfeita para a questão de semântica sobre cores na língua Yuroc (dos índios nativos norte-americanos). “Era uma questão de semântica, em que você analisava algumas locuções na língua Yuroc. A questão valia 20 pontos e consegui atingir os 20 pontos. Só eu e outras seis pessoas conseguimos resolver”, observa.

Questionado sobre a sua rotina de estudos, ele respondeu que não adota esse comportamento de se fechar e ficar 10 horas por dia para ficar estudando. “O estudo serve bem quando você está disposto, quando você quer aprender. Eu não conto horas de estudo. Eu simplesmente tenho bastante curiosidade e vontade de aprender. Sempre que posso pego algo diferente e estou estudando. Eu não gosto de me prender a uma rotina de estudo. Gosto de ficar sempre aprendendo”, destaca.

“A minha técnica de memorização é sempre me motivar, achar coisas legais em certo conteúdo. Achar conexões com coisas que eu já gosto e se eu não gosto de estudar algo, é preciso mudar o olhar para aquele conteúdo. É preciso ver as coisas de outra forma. Se você consegue fazer isso vai continuar estudando bem. É preciso se dedicar a gostar de aprender. Com isso a memorização e o estudo ficam mais leves”, destaca.

CURRÍCULO

Palote já possui experiências anteriores em competições internacionais e a Folha de Londrina tem acompanhado a sua trajetória. “Em 2017 fui para a Olimpíada Internacional de Linguística na Irlanda e em 2018 fui para a competição na República Tcheca”, enumera.

Questionado se teria condições de conhecer outros países sem as olimpíadas das quais participou, ele diz categoricamente que não. “Eu nunca me imaginava saindo do País. Acabei conhecendo a Polônia, a Alemanha. Antes de ir para a Irlanda, a gente teve um treinamento na Polônia, depois passou pela Alemanha para pegar o voo para a Irlanda. Acabamos conhecendo Londres onde a gente fez conexão. Depois a gente foi para a república Tcheca. Agora foi a Coreia. São países que eu nunca poderia imaginar conhecer."

Agora Palote mira o vestibular de medicina. Segundo ele, a participação em olimpíadas dos mais diversos tipos de conhecimento o fez aprender a estudar e devem ajudá-lo a realizar as provas do vestibular. Palote afirma que a participação nesse tipo de competição aumenta a rede de relacionamentos.

O professor e diretor do Colégio Ateneu, Miguel Afonso Vargas, afirma que o mérito da conquista é do aluno. “Nós só somos instrumentos para colocá-los neste processo em ajudá-los na formação do conhecimento." Segundo ele, o aluno deve conquistar suas potencialidades de acordo com o que gosta. “A Olimpíada é boa para despertar interesse em áreas com as quais ele tem afinidade. Então a gente está sempre motivando os alunos a aprender e a descobrir seus objetivos para desenvolverem seus potenciais”, ressalta.

'CAMPEONATO GRANDIOSO'

Leandro Moreira, medalha de prata em computação em nuvem: "Estudei bastante"
Leandro Moreira, medalha de prata em computação em nuvem: "Estudei bastante" | Foto: Vitor Ogawa - Grupo Folha

Leandro Moreira, medalha de prata em computação em nuvem; e Lucas Lenzi, quinto colocado em redes de cabeamento estruturado, na World Skills, em Kazan (Rússia), realizada em agosto, são alunos do Senai Londrina. Moreira fez o curso técnico de informática no Senai e relata que a caminhada para a World Skills começou em 2015, quando tentou se classificar para a competição de Abu Dhabi, em uma modalidade chamada Administração de Sistemas em Redes. “Acabei não atingindo a fase nacional. Mesmo assim continuei estudando e evoluindo as minhas habilidades. Em 2018 apareceu essa nova oportunidade. Estudei bastante”, destaca, explicando que se dedicava 10 horas por dia, de segunda a sábado.

Vale ressaltar que mesmo se consagrando como campeão nacional, se durante o treinamento Moreira não atingisse o nível adequado, o País poderia optar por não levá-lo para disputar a competição. “O processo de treinamento é muito rigoroso. Você tem que ter disciplina, tem que cumprir horários e é preciso ter várias habilidades para conseguir se adaptar e tirar o melhor daquele momento”, aponta.

Na prova ele simulou um cliente que possui um site que recebe acesso fora do comum e acima do planejado. “Um exemplo disso são sites em semana de Black Friday. As empresas não conseguem manter todo aquele recurso pago o ano inteiro. Através da computação em nuvem é possível gerenciar e deixar elástica toda essa computação para usar somente quando for necessário”, afirma.

Depois do bom desempenho na competição internacional, Moreira pretende atuar na área. "Quero obter o maior número de certificações possíveis", declara. Ele ressalta que a competição foi importante para aumentar o networking, ou seja os contatos com pessoas da mesma área.

“São quase 70 modalidades na World Skills. É um campeonato grandioso que envolve o planeta inteiro. Se a prata da casa chegou lá, outros também podem chegar lá. Se não chegar, podem chegar ao mercado de trabalho e se tornar profissionais de destaque”, incentiva o coordenador pedagógico do Senai, Victor Cunha.