Agentes públicos suspeitos de ajudar presos em troca de propina em Londrina
Analista judiciário da Vara de Execuções Penais e servidor do Patronato Penitenciário foram alvos de operação do Gaeco
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 13 de junho de 2024
Analista judiciário da Vara de Execuções Penais e servidor do Patronato Penitenciário foram alvos de operação do Gaeco
Pedro Marconi

Um analista judiciário da Vara de Execuções Penais e um servidor lotado no Patronato Penitenciário, ambos de Londrina, foram alvos de uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), deflagrada nesta quinta-feira (13). Os dois são suspeitos de beneficiar presos em troca de propina e terão que seguir medidas cautelares, como proibição de acesso e frequência em qualquer unidade judiciária ou vinculada ao sistema penitenciário, impedimento de manterem contato entre si e com outros investigados e suspensão das funções públicas.
Também foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em Londrina e Itapoá, em Santa Catarina. Foram recolhidos celulares, documentos e dinheiro em espécie. “Têm particulares, que intermediavam, se beneficiavam ou pagaram vantagem indevida, que são investigados por corrupção ativa. Temos cinco investigados que foram alvo de mandados de busca”, afirmou o delegado do Gaeco Ricardo Jorge Pereira Filho.
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De acordo com o MP-PR (Ministério Público do Paraná), os agentes públicos teriam praticado corrupção ativa e passiva, entre outros crimes. “O servidor da Vara de Execuções Penais tinha o poder de iniciar processos de ofício para concessão de benefícios. Ele recebia vantagens indevidas e, com isso, concedia rapidamente benefícios”, explicou o promotor Leandro Antunes. “O servidor do Patronato, que tinha como papel fazer relatórios que eram usados para instruir os processos, tinha interlocução, principalmente, com esse servidor que foi alvo de busca e ainda tinha interlocução com presos”, detalhou.
BENEFÍCIO A TRAFICANTE
Entre os fatos apurados estão a progressão antecipada de regime a detentos, a agilização de processos judiciais e até a omissão de expedição de mandado de prisão. Em um dos casos, o analista deixou de publicar um mandado de prisão contra um traficante que agia na região sul da cidade.
O criminoso foi condenado a mais de 12 anos, no entanto, o agente teria postergado o cumprimento da ordem judicial por mais de dois anos, mesmo após a determinação da Vara de Execuções Penais. Em outra situação, o agente deu um “livramento condicional” sem tornozeleira que beneficiou um integrante de organização criminosa, acelerando os trâmites na Justiça.
QUEBRA DE SIGILOS
A pedido do Gaeco, o poder judiciário ainda autorizou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático (telefonia e internet) dos envolvidos. Não estão descartadas prisões a partir de desdobramentos da operação Antártida. “(Os envolvidos ainda podem responder por) organização criminosa, possível lavagem de dinheiro, falsidade ideológica. Vários crimes podem repercutir ainda”, pontuou o delegado.
A FOLHA procurou o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), por meio da assessoria de comunicação, no entanto, não obteve resposta até a finalização da matéria. O TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) informou apenas que “aguarda a investigação do Gaeco”.
Atualizada às 12h45

