Kraw PenasO bairro Champagnat, que não existe oficialmente para a prefeitura nem para os moradores mais antigos do bairro Bigorilho, promete virar polêmica dentro de alguns meses. Depois de muitos anos de indefinição - ninguém sabe exatamente onde o Champagnat começa ou termina - o vereador Mário Celso Cunha (PFL) pretende colocar em votação um projeto de lei instituindo um plebiscito para que os moradores escolham qual a nomenclatura oficial da região. Antes mesmo de ser discutido em caráter oficial, no entanto, o assunto já conquistou desafetos e divide a opiniões dos moradores.

Kraw PenasPolêmicaA economista Joseane Deconto (acima), que vive no bairro há 29 anos, diz que nunca usou o nome Champagnat para designar o local onde vive. ‘‘Aqui sempre foi Bigorrilho e deve continuar assim’’, diz. Segundo ela, a polêmica em relação ao nome do bairro não passa de um modismo criado pelos moradores recém-chegados. As estudantes Mariane Linhares da Silva e Elissa Toledo Ramos (ao lado) defendem a denominação Champagnat. ‘‘O Bigorrilho, além de ser um nome feio, ninguém sabe onde fica’’O defensor mais ferrenho da volta do nome de Bigorrilho para todo o bairro é o monsenhor João Augusto Sobrinho, da Paróquia Nossa Senhora das Dores. O pároco, que refuta a idéia de adoção de uma denominação estrangeira, acredita que o nome deva ser mantido porque revela as origens históricas do local. O argumento do pároco já conquistou o apoio do presidente da Assembléia Legislativa, Aníbal Khury, que também defende a manutenção do nome que ‘‘remonta às raízes de formação da cidade’’.
Alguns estudiosos da história de Curitiba afirmam, no entanto, que o nome do bairro Bigorillho surgiu em referência a uma famosa prostituta, apelidada pelos clientes de ‘Bigorrilha’ (pessoa reles e vil, segundo o dicionário), e que morava na região.
O vereador Mário Celso defende a manutenção do nome Champagnat como uma maneira de manter a valorização imobiliária do bairro. Além disso, segundo o vereador, a adoção de uma única nomenclatura oficial acabaria com as dificuldades de localização, muito comuns atualmente. As estudantes Mariane Linhares da Silva e Elissa Toledo Ramos também defendem a manutenção da denominação Champagnat. ‘‘O ‘bairro do Bigorrilho’, além de ser um nome feio, ninguém sabe onde fica’’, dizem as adolescentes.