Santo Antônio da Platina - Neto de Booker T. Washington, educador e fundador de um dos maiores colégios dos EUA, Booker Pittman não seguiu a profissão do avô, nem a engenharia do pai. Puxou a mãe, professora de piano. Abandonou o clássico para se dedicar ao jazz. Nascido em 3 de outubro de 1909, em Fairmont Heights, Maryland, a 350 quilômetros ao sul de Nova Iorque, foi criado em Dallas, no Texas. Ainda garoto, comprou sua primeira clarineta. Começou cedo com as andanças: Fez parte de conjuntos em Kansas City e se juntou a Count Basie. Em Chicago conheceu Lucky Millinder, com quem viajou para a Europa.
Irrequieto, deixou Paris em 1935 com destino à América do Sul. Depois de passagens pelo Nordeste, Rio, São Paulo, Argentina e Uruguai, onde se mudou para abandonar o vício da cocaína, Pittman foi parar em Londrina, no início dos anos 1950. Atraído pela prosperidade e a agitação boêmia que girava em torno do café. Afundado na cachaça, seu novo vício, perambulava pelo centro em 1953 quando recebeu o convite para tocar em Santo Antônio da Platina. Chegou a ser dado como morto pela imprensa do Rio, mas foi redescoberto no cenário nacional e voltou para o eixo Rio-São Paulo, tocando nas melhores casas da noite.
Conheceu Ophelia, que tinha uma filha de três anos, Eliana. Ambas adotaram o sobrenome do músico. A menina tornou-se artista famosa. Pittman fez shows memoráveis com Louis Armstrong e Dick Farney. Era admirado pelos grandes mestres americanos do jazz e por brasileiros como Pixinguinha e Vinícius de Morais. Gravou dois LPs próprios, além de participações em discos de Eliana Pittman. Morreu em São Paulo dez dias depois de completar 60 anos, vítima de câncer na laringe. O corpo está enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, ao lado do túmulo de Ophelia, que morreu de leucemia em 2000. (C.F.)