Aumento de separações conjugais, independência financeira cada vez mais cedo. Muitos são os motivos para as pessoas morarem sozinhas. Essa oportunidade pode significar um exercício positivo de independência, mas também exige uma boa dose de disciplina.
''Morar sozinho deve ser uma questão de opção da pessoa, que não deve permitir que sua vida seja marcada pela solidão, pois isso pode oferecer prejuízos psicólogicos e físicos, afetando o organismo de forma geral'', afirma a psicóloga clínica e mestre em análise do comportamento, Ana Cristine Ruppenthal, de Londrina.
De acordo com a especialista, algumas pessoas podem se adaptar bem à autonomia e à privacidade. No entanto, Ana Cristine alerta que outras podem se isolar, o que pode aumentar radicalmente níveis de estresse e ansiedade, evoluindo para quadros de depressão e fobia social.
Segundo ela, o principal sintoma desse quadro de depressão é o sentimento de infelicidade, que se manifesta, geralmente, pelo evitar chegar em casa após o trabalho ou os estudos. E, quando está em casa, o fato da pessoa evitar sair para qualquer tipo de programa com amigos ou familiares. ''Geralmente, ela prefere ficar horas na internet conversando com conhecidos, pessoas que realmente não são suas amigas.''
Personalizar
Para afastar esse sentimento de abandono, Ana Cristine orienta que a pessoa não descuide das relações sociais, participando do maior número possível de grupos e que tenham interesses diferenciados; que não se afaste do convívio familiar e com amigos, saindo para visitá-los e convidando-os para irem a sua casa. ''Quando a pessoa participa de grupos diversificados, a possibilidade dela não ter opção quando quer ter companhia é muito menor. Se uma pessoa está ocupada, você liga para outra e assim por diante'', destaca.
Além disso, a psicóloga recomenda que a pessoa personalize sua casa, de forma que ela seja aconchegante; organize suas atividades diárias para que esse planejamento facilite a execução de atividades diárias. E caso a pessoa tenha tempo, disposição e interesse, é aconselhável adotar um animal de estimação.
Ana Cristine acrescenta que outro fator decisivo para que a pessoa se adapte bem é que seja organizada financeiramente. ''Na época que cheguei um Londrina para cursar Psicologia, via muitos colegas que, como não estavam acostumados a administrar o dinheiro, gastavam todo o valor enviado pelos pais logo nos primeiros dias. Quando chegavam as contas, no final do mês, eles ficavam desesperados e eram obrigados a ligarem para eles pedindo mais.''
Saber administrar não só o dinheiro, mas também as emoções é outra dica. De acordo com Ana Cristine, antes de decidir morar sozinho, é preciso ter certeza que conseguirá lidar com a distância da família. ''A pessoa se deparará com muitas situações em que nem sempre poderá contar com o pai, a mãe ou um irmão. Se ela fica doente, por exemplo, até pode ligar para algum familiar ou amigo ir socorrê-la, mas nem sempre ela terá alguém disponível para ajudá-la e terá que resolver a situação'', afirma, salientando que acredita ser esse um fator complicador, mas também de amadurecimento.