A defesa da vereadora eleita e protetora de animais Anne Moraes (PL) deve entrar com representações contra o que considera excessos dos órgãos de fiscalização durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na sede da ADA (Associação Defensora dos Animais), no distrito da Warta, na zona norte de Londrina, na última sexta-feira (13). Na data, a presidente da entidade foi encaminhada à delegacia detida por crime ambiental após ossadas de animais terem sido encontradas enterradas no terreno.

Ela foi liberada após pagar uma fiança no valor de R$ 1,5 mil. “Foi uma aberração tudo o que aconteceu envolvendo o nome da vereadora eleita. Inclusive, vamos pedir providências dos órgãos fiscalizadores. Vamos protocolar pedido no conselho do Ministério Público, nas corregedorias dos agentes que estiveram realizando o ato, vou informar o juiz criminal da bagunça que promoveram no cumprimento da ordem expedida por ele. Deixaram animais desenterrados, não a orientaram sobre o que deveria ser feito, destruíram alambrados”, elencou o advogado Mário Barbosa.

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Participaram da verificação na semana passada o Ministério Público, IAT (Instituto Água e Terra), Sema (Secretaria Municipal de Ambiente) e Polícia Ambiental. “Vamos tomar as medidas para que sirva de exemplo para a sociedade que o poder público pode muito, mas existem limites”, criticou.

De acordo com Anne, nada do que foi constatado seria uma novidade para os órgãos de fiscalização. “Estou fazendo notificações sobre a situação que está o abrigo desde 2022, alertando CMTU, MP, prefeitura. Achei demais (o que fizeram)”, classificou. “O abrigo está de forma precária devido à falta de condição, mas tenho notificado todos”, garantiu.

Há cerca de duas semanas, durante uma outra operação, carcaças de animais já tinham sido localizadas no lugar. “Encontraram o óbvio, não tinha necessidade de cavar. Moro na zona rural, o animal morre, a gente enterra. Se for de chácara em chácara vão ver que as pessoas fazem o mesmo. Não foi novidade para ninguém”, defendeu-se.

‘EXPOSIÇÃO DA IMAGEM’

Anne, que se filiou ao PL (Partido Liberal), recebeu 2.959 votos e fará parte da próxima legislatura, disse ver motivação política nas acusações. “Não ficaram contentes com a minha notificação. Tiveram que vir aqui para tirar foto e fazer exposição da minha imagem. Isso há poucos dias de eu assumir. Me soa estranho”, sugeriu.

FECHAMENTO

A associação, que tem aproximadamente 12 anos de existência, deve encerrar as atividades no final deste ano em razão de dívidas que estariam acima de R$ 1 milhão. “Em 2022, chegamos no ápice das dívidas. Em dezembro de 2022, notifiquei sobre o encerramento da ONG. Existia um planejamento de encerramento que era para ser em 2023, não foi possível e postergamos para 2024. Não tem mais condições de manter”, pontuou.

Os animais deverão seguir no abrigo, enquanto a responsável busca a adoção responsável dos cães e gatos. Atualmente, são cerca de 700 animais. “Vou continuar sendo protetora, como existem dezenas. Não vou ser mais uma instituição sem fins lucrativos. Estou encerrando uma formalidade. Esses animais estamos colocando para adoção, mas se o poder público quiser vir e retirar não tem problema.”

INVESTIGAÇÃO

O caso da ADA e os supostos crimes envolvendo a vereadora eleita seguirão sendo apurados pelo 6º distrito policial, como a higiene do espaço, o prazo de validade dos medicamentos, condição dos animais e os resíduos enterrados.