Acusados de tráfico começam a depor
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sábado, 21 de novembro de 1998
Luciane Tonon
Carlos AlmeidaPoliciais acompanham os irmãos Gidson e Gilberto Monteiro até a viatura depois do depoimento
O juiz substituto Marcelo Teixeira Augusto, de Cornélio Procópio, ouviu ontem o depoimento dos sete primeiros acusados de integrarem uma quadrilha de tráfico de droga no Norte do Estado. Antônio Duca Messias, 31 anos, Lucivaldo Miranda da Silva, 29 anos, Gidson Monteiro, 25 anos, Gilberto Monteiro, 35 anos, Guerino Cerci Filho, 37 anos, o ex-prefeito de Guaraci, José Morandi, 53 anos, e seu filho José Marcelo Morandi, 28 anos, foram presos e indiciados a partir da apreensão de 91,8 quilos de cocaína em 14 de outubro, em Cornélio Procópio, e de 112 quilos de crack em Sertaneja (63 km ao norte de Cornélio Procópio) no dia 29 de outubro. Foram as duas maiores apreensões feitas no Estado no ano.
Os depoimentos começaram a ser tomados por volta das 8h30. Cerca de 15 agentes da Polícia Federal fizeram escolta dos réus, que foram trazidos de dois em dois do presídio de Cornélio Procópio, onde estão presos desde a apreensão da droga. Cada depoimento demorou cerca de meia hora. As 10h30 a audiência foi interrompida, só recomeçando as 13 horas, quando foram ouvidos o ex-prefeito de Guaraci, José Morandi, e seu filho José Marcelo, que é piloto de avião.
O advogado da família Morandi, Carlos Frederico de Souza Cruz, preferiu não falar com a imprensa antes de apresentar a defesa prévia, no prazo de três dias. José Morandi nega o envolvimento com o tráfico. Ele alega que a droga encontrada em sua casa - 2 quilos de crack - no dia 28 de outubro, foi colocada pela polícia. Segundo Morandi, ele teria sido vítima de uma armação política. O filho José Marcelo afirma que o avião prefixo PT-KOH estava sendo levado por ele para o Pará, onde é dono de uma empresa de aviação agrícola. O avião, segundo a PF, seria utilizado para transportar droga.
Segundo o juiz Marcelo Teixeira Augusto, a maioria dos réus negou o envolvimento no caso. Vamos analisar com cautela o teor dos depoimentos. Por enquanto, quase todos negaram a participação, afirmou. O juiz informou que o próximo passo é o envio de cartas precatórias, para ouvir testemunhas que residam fora da Comarca. Uma delas é José Nicki, do Mato Grosso do Sul, que seria o responsável pela contratação da quadrilha para distribuir a droga.
Segundo o delegado-chefe da Polícia Federal, José Roberto Morel, a droga vinha da Bolívia para ser distribuída no Norte do Estado e em São Paulo para um traficante identificado por Xuxa. Dos sete acusados de pertencerem à quadrilha, apenas Gidson Monteiro não tem passagens anterior pela polícia.
José e Marcelo Morandi, já foram autuados por tráfico de eletro-eletrônicos e os demais respondem por tráfico, inclusive Gilberto Monteiro, irmão de Gidson é fugitivo da cadeia de Jundiaí (SP). Ele foi condenado a cumprir quatro anos em Ponta Grossa, onde foi preso com 27 quilos de cocaína, e 13 anos em Jundiaí (SP), onde foi preso com 500 quilos de maconha. Gilberto foi encontrado em Maringá.