O caminho poderia ser mais bonito – e saudável - na Estrada da Pedreira (zona sul de Londrina) se não fossem os pontos de acúmulo de lixo. O gramado atrás de uma escola no conjunto Guilherme Pires (zona leste) poderia oferecer menos perigo às crianças e os fundos do jardim Padovani (zona norte) causaria menos transtorno sem os entulhos e galhos de árvores despejados pela via. O descarte irregular em áreas abertas afeta todas as regiões da cidade e demanda trabalho frequente de fiscalização e remoção por parte dos órgãos públicos, mas exige, também, consciência da população.

No jardim Padovani, além do descarte ilegal, a queima do lixo também incomoda
No jardim Padovani, além do descarte ilegal, a queima do lixo também incomoda | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

“É normal botarem fogo no lixo por aqui. Eles trazem lixo, pneu, galho de árvore, e queimam. A gente coloca roupa no varal, tem que vir correndo tirar. Eu tive dois casos de pneumonia por conta dessa fumaça, sem contar que afeta a saúde das crianças”, reclama Juracira Ferreira da Silva, 64, que vive no jardim Padovani (norte).

Uma quadra abaixo da casa dela, cinzas dos resíduos já queimados denunciam o descarte irregular acumulado. Não bastasse o problema com a fumaça, Silva também conta que a filha, o vizinho da frente e ela mesma já contraíram dengue. “Eu cuido do meu quintal, tiro até saco e papel que voa de outro lugar para cá, mas não é suficiente. Meu bueiro eu já limpei três vezes, mas está entupido de novo”, afirma. “Vem gente com carrinho de outro lugar despejar o lixo aqui”, relata.

JAMILE E CAFEZAL

A Estrada da Pedreira liga o jardim Jamile Dequech ao Cafezal e o percurso, que poderia ser mais bonito por causa da mata e do ribeirão que passa por ali, conta com entulho, roupas, eletrodomésticos e pedaços de madeira. O descarte aparece antes do início da estrada e demonstra o abuso abaixo da placa informativa: “Proibido jogar lixo: área particular e monitorada”, com os números de telefone para denúncia do crime.

Estrada da Pedreira, entre o Jamile Dequech e Cafezal: percurso poluído
Estrada da Pedreira, entre o Jamile Dequech e Cafezal: percurso poluído | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

O local é campo fértil para o sucateiro Reginaldo Garcia de França, 26, que passa com frequência na região já esperando coletar material para revender. “Já vi cada coisa por aqui, cachorro morto, roupa podre, muita coisa velha, como sofá, televisão. Eu já até sei, sempre venho para esses lados para ver se encontro alguma coisa, material que dá para aproveitar”, conta. Apesar de recolher materiais, o morador da região, no União da Vitória, indica a falta de respeito de quem joga lixo em terrenos abertos. “Falta mais consciência, não pode ser assim”, aponta.

Placa de advertência não inibe ações de criminosos
Placa de advertência não inibe ações de criminosos | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

GUILHERME PIRES

Sentimento parecido ao dos moradores do bairro Amazonas 1, ao lado do conjunto Guilherme Pires (leste). O terreno ao fundo da Escola Municipal Francisco Pereira de Almeida Júnior já foi espaço para acúmulo de lixo, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) passou recolhendo, mas aos poucos os objetos vão reaparecendo. “Daqui a pouco está cheio de lixo e rato de novo. A prefeitura limpou há dois meses e agora estão voltando a sujar aqui de novo”, reclama o vigilante Emerson de Souza, 46.

A professora de educação infantil Luzinete Amorim, 46, que vive em frente ao terreno, teme pela saúde das crianças da escola. “Tenho filho pequeno, todo dia fico olhando minha casa por medo de escorpião. Já tive problema com rato também e aqui é perto da escola, as pessoas deveriam ter mais consciência”, aponta. Amorim já denunciou carroceiros que jogam os resíduos no local e até já reclamou com o próprio carroceiro. “Não se importam, até tratam mal a gente”, relata.

Terreno ao fundo de escola municipal, na zona leste: CMTU recolhe e lixo reaparece
Terreno ao fundo de escola municipal, na zona leste: CMTU recolhe e lixo reaparece | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Para ela, a solução seria ocupar o terreno e tornar o ambiente mais aproveitável pela população. “Colocar mais iluminação, academia ao ar livre para que as pessoas usem mais aqui e seja ocupado, porque do jeito que está fica um espaço aberto sem uso, às vezes até vem gente usar droga aqui e nós estamos falando de um terreno que fica atrás de uma escola”, alerta. Recentemente, a diretora da unidade enviou para a FOLHA uma foto com o descarte ilegal na calçada da instituição.

A reportagem procurou a CMTU e aguarda retorno da assessoria.

SERVIÇO - O setor responsável pela limpeza de terrenos públicos e fiscalização em terrenos privados de Londrina é a CMTU. As denúncias sobre descarte irregular de lixo podem ser realizadas pelo fone (43) 3379-7954.

Imagem ilustrativa da imagem Acúmulo de lixo incomoda moradores em Londrina
| Foto: Folha Arte