Rolândia - Airam Susej, 9, é venezuelana. A garota, os pais e a irmã vieram para o Brasil em 2019 almejando uma vida melhor. Há cerca de um ano vivem em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). É na cidade paranaense que ela tem conseguido evoluir na língua portuguesa. “Estou aprendendo quando devo colocar acento nas palavras, que não sabia muito. Aprender o português também tem facilitado na conversa com os colegas”, contou.

A criança faz parte do projeto “Língua Portuguesa”, desenvolvido desde o mês passado pela secretaria municipal de Educação. A iniciativa é voltada para os alunos estrangeiros matriculados na rede. Dos 72 estudantes de outras nacionalidades, cerca de 60 participam de aulas específicas de língua portuguesa, que também englobam matemática. São meninos e meninas de quatro e cinco anos da pré-escola e os do ensino fundamental um.

Imagem ilustrativa da imagem Acolhimento: alunos estrangeiros aprendem língua portuguesa em Rolândia
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

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Os alunos frequentam as escolas municipais Vitório Franklin e Monteiro Lobato no período matutino e vespertino, respetivamente, três vezes por semana, sempre no contraturno escolar. O ônibus do município busca as crianças em casa e as leva nas instituições. “Concentramos alunos de diferentes escolas e CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) nessas duas escolas no contraturno”, explicou Fabiana Fernanda Steigenberger, gerente de Ensino Fundamental da secretaria municipal de Educação.

Steigenberger explicou que a pasta percebeu que os estudantes estrangeiros estavam tendo dificuldade em acompanhar o conteúdo e dessa demanda nasceu o projeto, que também se atenta a outras questões. “O fato de as crianças estarem juntas facilita, elas veem que as demais também têm dificuldades na comunicação. Buscamos ensinar a língua portuguesa acolhendo a cultura de cada uma, respeitando a diversidade linguística dos países que vieram.”

O projeto conta com a parceria da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Durante a manhã são duas turmas, com uma professora da rede cada, e a tarde é uma sala com uma professora e uma estagiária responsáveis. A maioria dos estrangeiros veio da Venezuela, Haiti e Bangladesh.

“Não sabia nada de português e hoje consigo falar, escrever", afirma Manoel Chauran (à dir.)
“Não sabia nada de português e hoje consigo falar, escrever", afirma Manoel Chauran (à dir.) | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Manoel Alejandro Lara Chauran, 11, por exemplo, é natural da Venezuela. O garoto mudou para o Brasil há cerca de três anos com os pais e os dois irmãos, que também assistem o curso. Antes de desembarcarem em Rolândia, passaram por Manaus, Amazonas. “Não sabia nada de português e hoje consigo falar, escrever. O projeto tem me ajudado muito”, valorizou.

TRABALHO LÚDICO

Na avaliação da secretária municipal de Educação, a iniciativa vai render frutos, inclusive, para o momento em que estiverem no ensino médio e na universidade. “Se eles não compreendem a língua portuguesa agora, não vão se alfabetizar”, ressaltou Leise Camargo. “É um trabalho desafiador, pois, já ficam quatro horas na escola, no ensino regular. Então, trabalhamos de forma lúdica e interessante”, acrescentou.

“Estamos pensando uma atividade com eles de brincadeiras, para que tragam aquelas que gostam, dos países deles, e vamos trabalhar o português e a matemática, mostrando as brincadeiras do Brasil”, adiantou Fabiana Steigenberger, que ainda destacou a participação das famílias. “Os pais têm interesse e fazem questão de que os filhos participem. Quando a criança precisa faltar eles justificam”, comentou.

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