Acidentado luta por indenização
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domingo, 26 de outubro de 1997
Alexandre Sanches Londrina
Paulo WolfgangMão na máquinaGerson perdeu parte do braço esquerdo num triturador. Uma espiga de milho emperrou a máquina e ele tentou removê-la com um talo, que acabou se quebrando. A mão dele foi sugada.O advogado do trabalhador rural Gerson Caboclo da Costa, 18 anos, que perdeu parte do braço esquerdo num triturador na Fazenda Laranjinha, em Sertanópolis (40 km ao norte de Londrina), vai entrar esta semana com ação de execução para garantir o pagamento de indenização. O proprietário da fazenda, Décio de Souza Abreu, foi condenado a pagar R$ 30 mil de indenização, mais 1,5 salário mínimo pelo resto da vida do trabalhador rural.
Em agosto de 94, Costa - na época com 15 anos - trabalhava com o irmão na fazenda em um triturador de milho e talos. Uma espiga ficou entalada na máquina e ele tentou empurrá-la com um talo, que acabou se quebrando. A quebra desequilibrou Costa, que teve a mão sugada pelo triturador. Na queda, Gerson da Costa beteu a boca e quebrou também dois dentes.
Os advogados Tito Valle e Florindo Marcos Pedrão entraram com ação de indenização, alegando que o trabalhador perdeu parte do braço, considerada uma ferramenta de trabalho. Por ser analfabeto, ele teria dificuldade para encontrar outro emprego. A ação tramitou na Justiça de Sertanópolis por cerca de três anos, até que o juiz Fernando Moreira Simões Júnior condenou o fazendeiro a pagar a indenização. Não houve recurso por parte de Décio Abreu.
Segundo o advogado Tito Valle, não cabe mais recurso ao fazendeiro. Vamos executar a sentença. Ou ele paga tudo ou coloca bens à penhora, explicou. Os salários a que Costa tem direito são retroativos à época em que sofreu o acidente. Estamos calculando a quanto ele terá direito, mais as correções monetárias. De imediato ele tem direito a receber o retroativo mais os R$ 30 mil, acrescentou.
O advogado informou ainda que o fazendeiro também terá que pagar a cirurgia para a implantação de uma prótese no braço de Gerson Costa. O pedido para que a cirurgia seja marcada será oficializado assim que a ação de indenização for executada.
Mesmo que o fazendeiro venha a falecer ou deixar de pagar os salários mensalmente, o advogado disse que um fundo vai ser criado somente para garantir o pagamento da indenização. Décio Abreu terá que fazer uma espécie de poupança forçada, pois se algum dia ele faltar, teremos de onde suprir o pagamento, afirmou.