"A UEL está fazendo de tudo para me incluir, mas também conto com o apoio dos amigos, que é fundamental", explica o estudante  André Henrique de Alcântara, cego desde os cinco anos
"A UEL está fazendo de tudo para me incluir, mas também conto com o apoio dos amigos, que é fundamental", explica o estudante André Henrique de Alcântara, cego desde os cinco anos | Foto: Ricardo Chicarelli



Com a implementação da política de inclusão no sistema de ensino, é cada vez maior o número de pessoas com deficiência que chegam à universidade, como é o caso de André Henrique de Alcântara, 18, aluno do primeiro ano do curso de letras/português da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Cego desde os 5 anos em decorrência do glaucoma, o estudante conta que teve muitas dificuldades na educação básica. Ele vivia com a família em Apucarana (Centro-Norte) e estudava em uma escola pública na qual as aulas não eram adaptadas para atendê-lo. "Meus pais viram que eu e meu irmão gêmeo, que também é cego, não estávamos aprendendo nada na escola e decidiram mudar para Londrina em 2006", contou.

Após a mudança, os irmãos foram matriculados em uma escola pública preparada para recebê-los e passaram a frequentar um instituto de apoio a pessoas com deficiência visual. A atitude dos pais de Alcântara, conta o rapaz, foi determinante para que ele pudesse chegar ao ensino superior.

Neste ano, quando ingressou na UEL, recebeu um e-mail do NAC (Núcleo de Acessibilidade) e decidiu procurar o órgão. "O apoio deles foi abrir as portas da universidade para mim. Foi uma parte bem importante porque não sabia como ia funcionar e ficava até com medo da novidade", relembra o estudante. Aproximadamente 80 alunos recebem acompanhamento do NAC, a maioria deles da graduação.

Na Biblioteca Central Alcântara diz que há livros de literatura e gramática disponíveis em braile, no NAC tem um equipamento que imprime na linguagem dos cegos e também conta com um notebook fornecido pela UEL para fazer as provas. "A impressora não estava instalada e não sabiam mexer. A gente foi atrás e eles instalaram, foi um pedido que fiz. A UEL está fazendo de tudo para me incluir ali, mas também conto com o apoio dos amigos, que é fundamental. Eles ditam para mim o que os professores estão passando no quadro."

Ele ainda percebe alguns problemas, como a falta de piso tátil no CCH (Centro de Ciências Humanas), onde estuda, e espera que as adaptações aconteçam. "Também tem algumas coisas que precisam ser feitas que dependem de mim, mas me sinto incluído na universidade. A direção do CCH sempre pergunta se eu tenho dificuldade, se eu preciso de algum programa que vai facilitar os meus estudos", disse. "Eu não sabia o que esperar, mas a universidade é mais do que eu esperava."

O irmão de Alcântara, que estuda em uma universidade particular, já percebeu a diferença e planeja tentar um novo vestibular para ingressar na UEL. "Ele observa que eu tenho todo o apoio pedagógico enquanto na universidade em que ele estuda as adaptações são apenas físicas."