O projeto de Corte e Costura, que existe há dez anos no Sesc Paraná, vem se dedicando à confecção das máscaras desde o mês passado, em função da pandemia de Covid-19. Em Londrina, essa ação voluntária já resultou na doação de 3,7 mil máscaras à Santa Casa. A última entrega aconteceu na semana passada: foram repassadas ao hospital 1,7 mil unidades.

Imagem ilustrativa da imagem Ação de costureiras voluntárias beneficia Santa Casa de Londrina
| Foto: Divulgação

O gerente executivo do Sesc Londrina Centro, Everson Nunes Furtado, ressalta que esse grupo trabalha o ano todo, mas durante a pandemia as atividades foram suspensas e cerca de 15 das 20 participantes se dispuseram a confeccionar as máscaras de suas casas. “São senhoras idosas, que estão no grupo de risco. O material que elas utilizam é doado e elas não cobram para realizar o serviço de costura”, informa.

Com relação à Santa Casa, ele explica que o hospital doou a matéria-prima. “Quando entregamos as primeiras duas mil máscaras, os funcionários agradeceram, porque há uma demanda muito grande e é um item em falta no mercado. Eles precisam desse apoio da sociedade”, afirma Furtado.

DEDICAÇÃO

Uma das voluntárias, Áurea Akemi Koriyama, 68, relata que é gratificante realizar essa ação. “Tenho preenchido o meu tempo nesse período de isolamento com a costura. Para mim é gostoso fazer isso, não é trabalho algum”, destaca, explicando que faz parte do grupo há três anos. “Eu estou revezando a costura com a minha irmã. São duas pessoas para uma máquina só. Uma trabalha de manhã e a outra à tarde. Eu me dedico a esse projeto prazerosamente”, reforça.

Outra voluntária é Neide Mathiuzzi, 69, que integra o grupo há cinco anos. “Eu sou uma pessoa bem ativa. Antes da pandemia eu andava três vezes por semana por todo o lugar onde podia ir a pé. Ia na casa de amigos e não parava. Ficava em casa por pouco tempo. Estou em isolamento em casa desde o dia 17 de março e na primeira semana achei que não ia ser fácil”, revela. Ela conta, porém, que após iniciar o trabalho de costura mudou a sua cabeça. “Foi muito bom. Passo o meu tempo costurando e quando vejo o dia já passou. Me sinto bem fazendo um trabalho útil.”

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DIFICULDADE NA COMPRA

A coordenadora de Enfermagem, Comissão de controle hospitalar e membro do Núcleo de infecção epidemiológica da Santa Casa, Edlivia Matos, relatou que o boom do coronavírus dificultou a compra de equipamentos de proteção individual. "Essas máscaras precisam de registro na Vigilância Sanitária, mas o Ministério da Saúde baixou uma portaria autorizando a fabricação desde que respeitassem algumas regras, como o tipo de material a ser utilizado”, explicou, contando que o hospital comprou mantas de SMS, um não tecido que pode ser utilizados na fabricação das máscaras cirúrgicas.

"Paralelamente, a instituição está comprando máscaras de fornecedores, mas estamos contando com a parceria da PEL (Penitenciária Estadual de Londrina), do Sesc e pessoas da comunidade para costurar para a gente.”

Segundo ela, mesmo comprando de empresas há o riscos de as máscaras não chegarem. "A gente teve essa ideia como estratégia para não ficar nenhum momento sem fornecer esse equipamento de proteção para os trabalhadores. A gente compra esse SMS e entrega para as costureiras”, reforça. Dizendo que todo o material, depois de costurado, passa por processo de esterilização em uma autoclave. “Só depois as máscaras são distribuídas para diferentes unidades".

Ela explica que a demanda semanal do hospital é de mais de 20 mil máscaras. "A máscara é trocada a cada quatro horas. E se um profissional entra no quarto com paciente para fazer sua aspiração, ele precisa descartar a máscara na sequência. A média diária mínima é de três máscaras por cada trabalhador, mas dependendo da atividade essa média aumenta. E não estou falando da N95", apontou. "A ajuda dessas instituições é enorme.”

SERVIÇO - Quem quiser doar materiais para a confecção de máscaras (elásticos, linhas, SMS) pode entrar em contato pelo fone (43) 3305-7814 ou 3305-7816