Academia promove workshop de defesa pessoal para mulheres
Encontro em academia do Jardim Leonor contemplou técnicas para escapar de situações de risco, como violência e assédio sexual
PUBLICAÇÃO
domingo, 09 de março de 2025
Encontro em academia do Jardim Leonor contemplou técnicas para escapar de situações de risco, como violência e assédio sexual
Heloísa Gonçalves

No Dia Internacional das Mulheres, comemorado no sábado (08), uma academia de artes marciais no Jardim Leonor, zona oeste de Londrina, promoveu a sexta edição do workshop de Defesa Pessoal para Mulheres. Os principais tópicos abordados, de maneira teórica e prática, foram violência doméstica e sexual, técnicas para sair de situações de risco, além de segurança em transportes públicos, estacionamentos e elevadores.
O mestre Ricardo Arienti foi o instrutor do encontro gratuito, que contou com 23 participantes. Ele é professor de defesa pessoal na Escola DFight há 12 anos e treina artes marciais há quatro décadas. À FOLHA, explicou que o objetivo do workshop foi mostrar opções de defesa que garantam “que a mulher chegue viva em casa”, e que “um ataque físico incisivo” é o último recurso. “Eu consigo ensinar técnicas que dão vantagem para a mulher em uma posição de risco, uma ferramenta a mais para ela conseguir escapar e se precaver. Em uma situação real você vai se machucar, mas eu vou dar um jeito de você sair dali”, garantiu.
Na porção teórica do encontro, descreveu como o organismo de uma pessoa pode reagir à pressão psicológica de um ataque. “Ela pode congelar quando sofre uma agressão, perder alguns tipos de coordenação motora fina, então ela treme. Passamos lições para que, se acontecer isso, a pessoa entenda que é uma reação natural que precisa ser controlada para que ela possa pensar direito”.
Baseado em uma metodologia de tomada de decisão em quatro etapas, o professor simulou possíveis situações de risco com auxílio das alunas. Arienti ensinou que as participantes devem “Observar, Orientar, Decidir e Agir” quando ficarem sozinhas em um elevador com um desconhecido suspeito, alguém invadir seu espaço pessoal, seguí-las na rua ou tocá-las inapropriadamente, exemplificou. Aconselhou ainda que todas carreguem instrumentos de defesa consigo, como canivete, spray de pimenta e acessórios que sejam facas escondidas, como colares e canetas.

Melhor prevenir do que remediar
Jennifer Louise Bevenho, moradora do bairro Santa Rita 1, na zona oeste de Londrina, frequenta aulas de Muay Thai na Escola DFight três vezes por semana. Acompanhada por sua mãe no workshop, aluna da mesma arte marcial na academia, contou que decidiu participar do encontro por receio de ser atacada enquanto percorre um trajeto diário. “Eu estou fazendo Licenciatura em Ciências Biológicas e faço estágio em uma escola no Buracão (da Vila Portuguesa). Do Terminal Central até lá é uma região perigosa e já sou um pouco paranoica, fico olhando para trás, então acho interessante pelo menos saber se defender”.
A estudante se considera uma pessoa distraída, recebendo alertas constantes da mãe, Angélica, para ficar atenta no transporte público. “Já passei por uma situação que um homem estava me olhando dentro do ônibus e ele desceu no mesmo ponto que eu, de dia ainda. Eu saí correndo, meio louca, com gente me olhando, porque estava perto da minha casa e preferi não arriscar”, relembrou.

Elza Andrea dos Santos, residente do Jardim Leonor e servidora pública, teve seu primeiro contato com defesa pessoal na aula deste sábado. À procura de algo para fazer na data comemorativa, encontrou o anúncio do workshop em uma rede social e se interessou. “Vendo todos os posts de ‘Feliz Dia da Mulher’, fico pensando que ter um dia da mulher dá a impressão que precisamos ser protegidas, e de fato, com relação à nossa estrutura física talvez precisemos, não que os outros nos protejam, mas que a gente possa se proteger”.
Santos considerou ainda não haver muitos motivos para celebração neste 8 de março. “Você está pela rua e acaba sofrendo violências injustas, pode acontecer com qualquer uma de nós. As notícias estão aí, todos os dias você vê feminicídio e agressões contra mulheres”, lamentou.
Com a gratuidade do encontro, as participantes foram convidadas a doar produtos de beleza femininos, como absorventes, desodorantes e cremes, que serão entregues em forma de kits a mulheres em situação de vulnerabilidade social. A organização contemplada será escolhida por meio de sugestões dos seguidores da DFight no Instagram.

