Curitiba - Da mesquita à igreja, da sinagoga ao terreiro de umbanda, do centro espírita ao templo budista ou a tantos outros locais. Estas são algumas opções para aqueles que procuram por conforto espiritual ou proximidade com Deus, independente de como Ele é chamado.
Curitiba não deixa a desejar no quesito religião. Na cidade são realizados rituais de todas as grandes religiões organizadas. Diferentes histórias, crenças e práticas retratam a diversidade da população composta por quase dois milhões de®MDBO¯ ®MDNM¯habitantes. Existem aproximadamente 330 locais considerados templos religiosos.
''É um 'cardápio' religioso muito grande e são muitos grupos organizados'', afirma o professor e pesquisador Luiz Alberto Souza Alves, graduado em Filosofia e Teologia, que faz estudos sobre as manifestações religiosas na Capital.
Segundo ele, as principais religiões envolvem o Cristianismo, característica marcante dos colonizadores europeus que fizeram de Curitiba um novo lar. A religião ortodoxa se destaca por reunir fieis de forma não identificada nas demais capitais brasileiras. Também são bastante frequentadas reuniões do candomblé, umbanda, espiritismo, religiões orientais, semitas e hinduístas.
A informação é comprovada pelo último censo realizado pelo IBGE. No ano 2000 os curitibanos identificados como católicos eram 1,121 milhão, enquanto os evangélicos eram 300 mil, os espíritas 26,9 mil e os seguidores da umbanda 2,8 mil.
Proximidade
Mesmo diferentes, as religiões apresentam em comum a proposta de oferecer a seus seguidores caminhos de proximidade com Deus e preocupação com o bem-estar comunitário. Para o pesquisador, o estímulo à capacidade de convivência com as diferenças é a principal função tradições religiosas.
Ele conta que observou em Curitiba casos de resistências e intolerâncias exercidos a algumas religiões. ''São representantes que possuem análise teológica fundamentalista sem a capacidade de conviver com a diferença. Mas ninguém tem o mandado divino para dizer que esta ou aquela religião é verdadeira. Somos diferentes e dentro das diferenças a gente se completa'', critica.
Mas isto parece ser coisa do passado. Nenhum dos representantes entrevistados pela FOLHA afirmou ter restrições a determinados segmentos e não se sentem discriminados. ''Já discutimos muito este assunto, mas hoje a gente nem liga. Estamos muito bem colocados como religião'', conta a mãe de santo do terreiro de umbanda Pai Maneco, Lucília Guimarães. ''Acreditamos na igualdade entre as pessoas e respeitamos todas as religiões. Elas devem viver como quiserem, sem imposição religiosa'', complementa o roush - líder religioso - da Congregação Israelita da Nova Aliança, Ezrah Ben Levy.
''O diálogo com outras religiões enriquece a nós e ao próximo, à humanidade. Só teremos o conhecimento se nos permitirmos a troca de informação e ideias, o que promove o respeito'', afirma o vice-presidente da comunidade muçulmana de Curitiba, Gamal Fouad El Oumairi.
De acordo com os representantes das religiões, a discriminação é resultado da falta de conhecimento sobre as doutrinas e pode potencializar ainda mais a garantia da dignidade a todos. ''Precisamos deixar de lado as diferenças dogmáticas e nos reunirmos para efetivamente contribuir com a sociedade'', sugere o padre Domenico Costella, da paróquia Bom Pastor.