Com a ajuda de amigos, Paulo Deodato projetou e custeou balanço inclusivo
Com a ajuda de amigos, Paulo Deodato projetou e custeou balanço inclusivo | Foto: Érika Gonçalves - Grupo Folha

Todos os dias, provavelmente, nos deparamos com situações incômodas. A maioria irá seguir adiante, mas o vendedor Paulo Deodato resolveu ir além e buscar uma solução. Morador das proximidades da Praça Nishinomiya (Zona Leste) ele costuma levar o filho Benício, 3, para brincar no parque infantil que há no local. Em uma dessas vezes, enquanto o menino se divertia no balanço, ele reparou em uma criança cadeirante que observava a brincadeira. “Ele via meu filho se divertindo e ria também”, diz.

Incomodado com a impossibilidade da outra criança brincar, Deodato pesquisou modelos de brinquedos adaptados e achou uma foto como referência. Levou para um serralheiro que fez algumas observações e adaptações. Com o esboço pronto levou para o arquiteto Rafael Feitosa que fez as modificações necessárias e assinou o projeto. Depois foi a vez de encaminhar tudo para a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) que liberou o espaço necessário. Foi a hora então de levantar os valores necessários para a construção.

“Fiz uma vaquinha com os meus amigos e conseguimos o valor necessário para a construção do equipamento e também da rampa de acesso. No total foram gastos R$ 5,4 mil, lembrando que recebemos a doação de alguns materiais e o arquiteto também não cobrou pelo projeto”, afirma ele.

Neste sábado (1), mesmo com a chuva intermitente foi a hora de inaugurar o balanço adaptado. Valentina, 6, foi a primeira a utilizar o brinquedo e sua risada mostrou que a iniciativa foi mais do que aprovada. Sua mãe, a administradora Michelle Berbet Santos conta que a menina tem paralisia cerebral com cognitivo preservado e por isso, apesar de não se expressar verbalmente, consegue indicar com o olhar quando deseja brincar com algo. A família já frequentava o local, mas era necessário a presença dos pais junto para que ela pudesse se divertir.

“Nós improvisávamos, eu era a extensão do corpo dela, ficava segurando, não dava para balançar direito. Agora ela vai poder se divertir na cadeira, nada como a autonomia para ela. E o mais legal é que tudo foi pensado, o brinquedo está junto aos outros, fica voltado para as outras crianças, há uma rampa de acesso. Na praça há vagas de estacionamento reservadas para pessoas com deficiência, tem a rampa, ficou perfeito”, comemora.

Valentina já havia utilizado outros brinquedos adaptados fora de Londrina e a expectativa é que a inclusão se espalhe para outros parques da cidade. Integrante da Afel (Associação Famílias Especiais de Londrina), Santos diz que o objetivo do grupo é que a inclusão ocorra em todos os âmbitos, da escola ao lazer.

Alessandra Fanelli, diretora de Programas e Projetos da Afel explica que a associação atende cerca de 150 famílias e seu objetivo é englobar todas as pessoas com deficiência, não só a motora.

Luiz Omoto, presidente da Associação de Intercâmbio Londrina-Nishinomiya esteve presente e também comemorou a instalação do brinquedo. “Fico feliz que tenha esse equipamento aqui e iremos informar Nishinomiya.”