Do ponto de vista pedagógico é de suma importância que a residência seja adapatada, respeitando as necessidades da criança. ‘‘A casa, como um todo, deve provocar a brincadeira. O brincar é a linguagem da criança, a forma como ela se apropria dos elementos que a rodeiam e se comunica com eles. Temos que garantir esse direito’’, defende a pedagoga Carolina de Souza Matos, especialista em educação infantil e artes visuais.
  Se possível, segundo ela, a casa poderia ter um espaço individual para a criança chamar de seu. ‘‘Um local próprio para ela brincar, guardar coleções, expor emoções’’, observa a pedagoga. O ambiente, como destaca, pode ser enriquecido com elementos pedagógicos, como ‘‘deixar à disposição livros de diferentes texturas, temáticas e poéticas, além de brinquedos de estímulos variados e itens de arte, como tinta, giz de cera, papéis, cola, entre outros’’, orienta.
  Materiais do cotidiano, como garrafas de plástico, tampinhas de refrigerante, recipiente de iogurte e caixas de tamanhos variados, podem ficar à disposição. ‘‘Tudo isso estimula a criação espontânea, a imaginação e a dramatização’’, sugere.
  A pedagoga lembra que excesso de brinquedo não significa muita diversão ou brincadeira. ‘‘Muito além dos carrinhos e bonecas, a criança precisa aprender a brincar, a ter contato com o outro, a interagir’’, alerta.
  No caso de residências que não contam com um cômodo específico para brinquedos, uma saída é usar o quarto da criança para esse fim. ‘‘Pode ser um espaço polivalente e múltiplo’’, destaca Carolina, que não considera apropriado deixar televisão no quarto da criança ou em sua sala de brinquedos. ‘‘Sugiro menos televisão e mais brincadeira e afetividade com a família. Os pais devem se dedicar aos filhos, reservar um tempo para se envolver e brincar com eles. É importante resgatar a criança que existe dentro de cada um de nós’’, ressalta.
  Os adultos devem ter paciência, pois não tem jeito: onde há criança existe bagunça. A pedagoga pondera, no entanto, que é preciso estipular algumas regras. ‘‘É de extrema importância, por exemplo, que desde bem pequena a criança seja responsável pelos seus pertences, aprenda a cuidar do que é seu e a guardar os seus brinquedos’’, cita.
  No que diz respeito à preocupação de muitos pais de retirar boa parte da decoração e dos enfeites da casa, a fim de evitar que a criança estrague ou se machuque, a pedagoga esclarece que ‘‘é interessante retirar os objetos que oferecem risco de acidentes até a criança aprender onde pode ou não mexer’’. Mas, de acordo com ela, o que não oferece risco deve permanecer em seu devido lugar. ‘‘A família tem de deixar claro que aqueles objetos não são brinquedos e que não devem ser mexidos’’, salienta. (P.C.B.)


Imagem ilustrativa da imagem Um espaço para chamar de seu
A pedagoga Carolina Matos defende que a criança tenha um cantinho todo seu:‘‘Um local para ela brincar, guardar coleções, expor emoções’’