Imagem ilustrativa da imagem A arte de garimpar tesouros antigos
Gustavo Belniaki trabalha na restauração de um relógio alemão com detalhes em marchetaria



Curitiba - Garimpar objetos em antiquários é uma atividade apaixonante e requer mais do que dinheiro. É preciso tempo, paciência e um pouco de conhecimento de arte e de história do mobiliário. Utensílios entraram na vida do homem assim que ele deixou de ser nômade e se fixou em uma caverna. Desde então, as necessidades humanas ditaram a evolução do mobiliário e outros objetos. Obviamente, a moda e a tecnologia também fizeram a sua parte.
Há diferentes apaixonados por antiguidades. Existem aqueles que desejam fazer uma ambientação ao estilo "casa da vovó", buscando em antiquários, lojas de móveis usados e nas casas dos parentes as peças que vão compor um visual retrô.
E existem colecionadores de antiguidades. Pessoas que investem recursos financeiros nesse hobby e gostam de visitar as boas lojas do ramo, no Brasil ou no exterior. É preciso estudar, pesquisar arte e história e conhecer os diferentes estilos de mobiliário, como por exemplo as características dos móveis do Renascimento e os franceses Luis 15 e Luis 16.
Para os colecionadores brasileiros, é muito importante reconhecer as características dos móveis portugueses a partir do século 17 e do Colonial americano. E mais do que tudo, encontrar fornecedores e restauradores sérios.
Gustavo Belniaki, proprietário do Antiquário Século, de Curitiba, apaixonou-se pelo assunto logo após se formar em Administração de Empresas. Foi quando abriu a loja e começou a se interessar pelo trabalho de restauração. Hoje, ele é um dos profissionais mais procurados na capital paranaense.
A oficina de Belniaki é um paraíso para os colecionadores. Cadeiras de madeira, poltronas, mesas, cristaleiras, relógios de parede, lustres e tantos outros objetos esperam pelas mãos talentosas do restaurador ou de seus funcionários para retornarem às mesmas características do passado. Segundo Belniaki, no Brasil, são consideradas antiguidades as peças com pelo menos 60 anos. Na Europa, essa idade mínima sobe para 100 anos.
Segundo ele, vários tipos de pessoas visitam a sua loja. Desde curiosos até investidores. "São pessoas que além da beleza da peça, estão interessados na arte e estão procurando bons investimentos", afirma. E os móveis antigos sempre vão valorizar, assegura o empresário curitibano.
A reportagem da Folha de Londrina convidou a professora Márcia Munhoz Arzua, do curso de Design de Interiores do Centro de Educação Profissional de Design, Artes e Profissões (CEPDAP) para garimpar tesouros na oficina de Gustavo Belniaki. Ela é professora de História da Arte, do Mobiliário e da Arquitetura. Na oficina, raridades estão sendo restauradas. Como um crucifixo de madeira português do século 18, com a imagem de Jesus Cristo. Ou um relógio alemão com detalhes em marchetaria, do século 19. Há também cadeiras de madeira e palha com 100 anos, móveis estilo manuelino e cadeiras de madeira curvada, formato inventado em 1830 pelo austríaco Michael Thonet.
"A maior influência nossa são os estilos português e espanhol", comenta a professora. Ela lembra que atualmente há uma grande procura pelos móveis dos anos 1950. Márcia Arzua, argumenta que é muito difícil basear a decoração de uma casa só em antiguidades. "Hoje em dia, as pessoas estão mesclando estilos, misturando o novo e o antigo", lembrando que há lojas fazendo boas réplicas. "Vale o bom gosto, tem que harmonizar", resume Belniaki. (A.D.C.)

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Lustre começa a ser restaurado: cuidado e paciência
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Detalhe de uma cristaleira de madeira estilo Luis 15
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Crucifixo português do século 18