Para proteger a pintura, vidros e partes metálicas do carro há no mercado produtos importados com nanotecnologia, que formam uma película sobre a superfície
Para proteger a pintura, vidros e partes metálicas do carro há no mercado produtos importados com nanotecnologia, que formam uma película sobre a superfície | Foto: Anderson Coelho



Cristalização, revitalização, espelhamento. Os centros de estética automotiva vêm oferecendo uma gama de técnicas e produtos para manter a pintura do carro como no dia que o dono tirou da concessionária. Mas segundo o professor Claudemir Fernandes Farias, do curso técnico em manutenção automotiva do Senai Londrina, alguns cuidados no dia a dia garantem a preservação do brilho.

É preciso atenção com o polimento. "Há pessoas que mandam polir o carro com frequência. Isso retira a camada superficial do verniz e pode comprometer a pintura. O polimento deve ser feito de vez em quando", explica o professor.
Nos carros em que é feito polimento frequente, de acordo com Farias, principalmente se não for bem-feito, percebe-se que a tinta saiu nos cantos mais retos. Em veículos de cor escura, as marcas de polimentos ficam mais evidentes e tendem a desvalorizar o preço do carro.

Uma dica do especialista é manter o carro encerado. Hoje, no mercado há cera a base de carnaúba que ajuda a realçar o brilho. Mas também exige cuidados na hora de aplicar. As partes de borracha devem ser protegidas. A cera deve ser aplicada na sombra e com a carroceria fria. "Assim você evita que a cera frite no carro e provoque manchas. Na hora de lavar o carro, se houver muita poeira e material abrasivo, primeiro jogue água para evitar que o atrito risque a pintura", ensina Farias.

O contato de certos produtos químicos e tipos de sujeiras pode deteriorar a camada superior do verniz e exige ação rápida. "A cidade tem muitos pombos, e as fezes deles são ácidas. Quando os pássaros defecam no carro é preciso lavar rápido, pois as fezes deterioram a camada superior do verniz. Produtos químicos como gasolina, fluído de freio também podem manchar", diz o professor.
Outra dica é, em caso de pequenos riscos profundos na pintura, passar no local uma base de esmalte para evitar a oxidação da lataria. "Hoje, as tintas vêm com produtos anti-oxidação, por isso não vemos mais tanto desgaste na lataria como em décadas passadas. Mas se ocorrer um risco que chegou à lata e a pessoa não tem como arrumar de imediato, a base de esmalte vai evitar essa oxidação da área que está exposta", afirma Farias.

NANOTECNOLOGIA
Para proteger a pintura, vidros e partes metálicas do carro há no mercado produtos importados com nanotecnologia, que formam uma película sobre a superfície em que foram aplicados. Segundo Cleber Matos Gomes, proprietário do Matos Lava Rápido, um dos produtos de origem alemã pode ser utilizado para impermeabilizar banco de couro e carpete também.
"A nanotecnologia de titânio é específica para proteger a pintura, mas também há produtos exclusivos para conservação do vidro, plástico e metal. Além da proteção da pintura de riscos, reduz o consumo de água e de produtos químicos na hora de lavar o carro", explica Matos. A aplicação do produto dispensa o polimento e a cera manual.
A película que forma no carro provoca um efeito de espelhamento. "É indicado essencialmente para carros novos ou usados que não tenham sofrido reparos. O produto não adere em massa plástica", afirma Matos. Ele fez um curso com o distribuidor do produto e adaptou a técnica para aplicação com máquina.
"Aprendi passar manualmente com uma esponja de microfibra, mas adaptei ela para usar na máquina e agilizar o processo", explica. O processo é demorado e exige paciência para que as micropartículas penetrem a pintura. Demora em média cinco horas.
A aplicação é feita em ambiente fechado para evitar que a ação do vento seque muito rápido o produto e possa provocar manchas. "O vento também pode trazer poeira e riscar a pintura", afirma. Em carros usados, antes da aplicação é feito um polimento com maquina e encerado. "Assim mantém o brilho na película que se forma". Com manutenção adequada a durabilidade é de até um ano.

Mão de obra sem qualificação
A indústria automotiva tem desenvolvido tintas cada vez mais modernas, mas o setor de estética não vem acompanhando essa evolução. O professor Claudemir Fernandes Farias, do curso técnico em manutenção automotiva, do Senai Londrina, afirma que falta investimento em capacitação e atualização dos profissionais da área.
"Percebemos, de modo geral, que há uma resistência quando o assunto é investir em conhecimento. Hoje, há acesso à informação, mas os profissionais não querem dedicar tempo", observa.
Na avaliação dele, a falta de legislação que exija uma qualificação dos profissionais que atuam no segmento de estética faz com que pessoas sem qualificação trabalhem na área. "O mercado está atrás de preço, mas não adianta preço se não tiver qualidade. Hoje, qualquer um pensa que pode abrir um centro de estética", comenta o professor.
Ele enfatiza que dependendo do tipo de pintura, os cuidados, principalmente na reparação, são maiores. A pintura perolizada, por exemplo, utiliza uma tecnologia diferente da convencional. As tintas à base de água também exigem tratamento diferenciado das a base de solvente. "As bases de pintura mudaram e os profissionais precisam estar preparados", diz Farias. (A.M.P)