Imagem ilustrativa da imagem Prontas para dominar o universo das duas rodas



É crescente o número de mulheres estão descendo da garupa e assumindo a pilotagem, seja de modelos scooters ou de poderosas Harley-Davidson. Em março de 2013, foram concedidas 18.417 CNH (Carteira Nacional de Habilitação), na categoria AB (carro/moto), para mulheres. Saltou para 26.527, em março deste ano, com um crescimento médio de 7,5% ao ano.

Líder de mercado no segmento das scooter, o público feminino representa 50% dos clientes da Honda Biz. Em abril, a montadora comercializou 11.841 unidades, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), liderando as vendas da categoria. No modelo Honda PCX 150, que está em terceiro lugar em vendas com 7.682 comercializadas no mês passado, as mulheres respondem por 35% dos consumidores.

A montadora aposta no design, facilidade de pilotagem e espaço sobre os bancos que acomodam compras e mochilas como atrativos ao público feminino. O conforto no posicionamento das pernas, as linhas mais agressivas, facilidade de pilotagem por ser automática, bastando apenas acelerar sem a necessidade de troca de marchas acionando a embreagem, são os pontos fortes da PCX 150 para seduzir a mulherada.

O interesse feminino pelas motos tem também despertado o mercado para novos produtos dirigidos a esse público
O interesse feminino pelas motos tem também despertado o mercado para novos produtos dirigidos a esse público | Foto: Anderson Coelho



Se para circular pela cidade, elas preferem motos de baixa cilindrada e menores. Quando o assunto é estrada, elas se aventuram nas poderosas Harley-Davidson, BMW, Suzuki, Triumph. Do universo Harley, os modelos Iron 883, Softail Deluxe e Fat Boy são os queridinhos pela praticidade de pilotagem.

"A mulherada está invadindo a estrada", contou Érica Ferraz Marangoni, 42, designer, do grupo Ladies of Harley. O cadastrado do grupo, que pertence ao HOG (grupo de proprietários de Harley-Davidson, em tradução livre) Red wheel Londrina Chapter Brasil, possui 280 membros entre mulheres que pilotam e andam na garupa.

A designer andou por mais de 20 anos na garupa do marido Marcos Marangoni, até conhecer o HOG londrinense e o grupo feminino. Há dois anos, comprou a primeira moto, uma Deluxe, para cair na estrada. "Quando comprei minha primeira moto nem consegui tirá-la da agência. Naquele dia andei uns 100km dentro de um condomínio para me acostumar", recordou.

"A mulherada está invadindo a estrada", comemora Érica Ferraz Marangoni
"A mulherada está invadindo a estrada", comemora Érica Ferraz Marangoni | Foto: Arquivo pessoal



No início, ela tinha dificuldade para fazer curvas e estacionar a motocicleta. "A pilotagem em baixa velocidade é o nosso grande desafio, pois as motos são muito grandes e pesadas. É complicado fazer curvas e estacionar", disse. Dependendo do modelo, uma Harley pode pesar até 400kg. Ela superou a dificuldade com um curso de pilotagem em baixa velocidade. O meu primeiro teste depois do curso foi uma viagem para a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina", contou. A serra catarinense é famosa pelas suas curvas fechadas.

As Ladies of Harley participam de cursos de pilotagem, de mecânica, de primeiro socorros para estarem preparadas aos obstáculos da estrada. Elas também costumam adaptar as motos ao biotipo físico. É possível ajustar a posição do guidão para ficar mais confortável a condução, mudar a embreagem, deixar a manopla mais fina, dando mais conforto. Elas também diminuem a altura da bolha. "Eu tirei a alavanca do câmbio traseiro porque enroscava na calça", exemplificou Marangoni.

BAGAGEIRO
A designer está na sua segunda moto. Trocou a Deluxe por uma Street Glide branca. Para ela, estar na estrada é um momento de encontro consigo. "Quando você sai da garupa, você deixa de ver o mundo de lado para ver de frente", definiu.

Andar de moto ensinou Marangoni a ser prática na hora de arrumar a mala. O senso comum de que mulher carrega o guarda-roupa quando viaja não combina com as Ladies. O bagageiro compacto das motos exige a otimização dos looks. Isso explica a escolha do visual preto das roupas.

"É uma questão de praticidade. Precisamos de roupas que podem ser usadas mais de uma vez. Também escolhemos tecidos que não amassem. O espaço pequeno do bagageiro te ensina a levar só o essencial. Hoje, arrumo a mala de acordo com o lugar da viagem e monto os visuais", contou.

Na mochila não podem faltar a capa de chuva, várias blusinhas para mudar o look e sapatos – porque, afinal, mulher gosta de sapatos -, mas nada de quantidade. "É só um sapato mais confortável para quando descer da moto", disse.

ESTILO
Para diversificar o look, elas contam com acessórios como lenços, balaclavas, luvas, botons. A moda agora são os lenços Buff que permitem diversos usos. Pode ser usado como uma gola, um amarrador de cabelo, uma bandana, uma faixa ou envolver todo o cabelo.

Essenciais, as luvas também variam de modelos e cores. Podem ser de verão, com materiais mais arejados, de inverno, impermeáveis, com ou sem ponta. O capacete é universal e varia apenas de tamanho, mas elas dão os seus toques pessoais. "A mulherada está customizando os capacetes. No meu, por exemplo, coloquei uns brilhinhos (sic)", disse.

As roupas chegam cada vez mais com design que valorizam a silhueta feminina. As jaquetas com cordura (acolchoadas) são acinturadas, as calças, mesmo com a proteção de joelho, são estilosas, com bordados, zípers e detalhes que valorizam o look. "Chegou uma jaqueta com franja, nunca tivemos franjas", brincou Érica Ferraz Marangoni, mostrando a peça recém-chegada na loja.