Sabe aquele barulho característico do motor quando se dá partida em um Fusca? Esqueça, ele não existe neste exemplar. O câmbio não tem relações definidas de marcha, mas, simulando uma primeira, dá-se a partida e, uma vez posicionado no que seria a segunda marcha, ele se torna automático, eliminando a necessidade de novas trocas. No capô pintado de azul, desenhos de motivos sustentáveis e a inscrição "Nasci Fusca, agora sou Thomas, o ecofusca".
Além das características de veículo não-poluente, este carro elétrico inovador pretende agregar outra função importante, também, para o bolso do motorista: a transferência de energia para a rede elétrica. O projeto vem sendo desenvolvido há dois anos pelos alunos de graduação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Cornélio Procópio com colaboração da Faculdade Senai, de Londrina. A reportagem da FOLHA conheceu de perto a novidade.
O professor do Senai, Vicente Gongora, explica que, inicialmente, a conversão do motor a combustão para o elétrico foi tocada pelos alunos de Engenharia Mecânica e Elétrica da UTFPR, concebido em corrente alternada e com 28 baterias. Coube aos estudantes de Manutenção Industrial da instituição estudarem a transformação para corrente contínua, o que acarretou a diminuição para oito baterias. Segundo Gongora, houve ainda economia de energia e aumento da autonomia.
"Hoje ele faz 60 km/h como velocidade máxima e consegue andar 80 km com uma recarga", diz o professor. Para ele, a autonomia limitada não configura um entrave para a comercialização dos carros elétricos. Segundo Gongora, o "ecofusca" passou por vários testes de necessidade diária de uso dentro da cidade e em nenhuma das situações foram percorridos mais do que 50 quilômetros.
O conjunto das oito baterias do veículo soma 96 Volts e a potência do motor é de 12 Kilowatts, o que, de acordo com Gongora, equivale a 7 cv em um motor a combustão. A recarga do conjunto de baterias leva de quatro a cinco horas em tomada comum, residencial, resultando em um gasto médio de R$ 7 por dia.
A escolha do Fusca como matéria-prima para o projeto não foi por acaso, mas levou em conta a história do clássico que marcou época no País. Gongora diz que a conversão em uma plataforma mais moderna poderia até ser mais fácil, em virtude da relação do câmbio e da leveza dos veículos atuais, no entanto, trabalhar com o clássico da Volkswagen representou um desafio a mais para a equipe.