Imagem ilustrativa da imagem Nova modalidade de aluguel de carros
| Foto: Anderson Coelho



Uma nova modalidade de serviço de assinatura começa a se difundir no Brasil: o carro por assinatura. O novo nicho de mercado está atraindo consumidores que não querem a preocupação com a manutenção do veículo, gastos com IPVA, licenciamento, seguro e nem com a depreciação do carro.
O serviço ainda está engatinhando no país, as iniciativas existentes estão no mercado há menos de dois anos e as empresas acreditam que seja um produto promissor. A Unidas, por exemplo, projeta fechar 2018 com 5 mil veículos alugados por assinatura. O serviço de assinatura da empresa foi implantado há quase um ano, mas ganhou impulso nos últimos três meses.
"A ideia é oferecer um produto tão simples como fazer uma assinatura do Netflix. O mundo está migrando para o serviço, mas ainda é preciso investir na mudança de comportamento", comparou Marcelo Wagner Rodrigues, gerente nacional da Rede da Unidas.
"Acreditamos na evolução gradual do conceito do ter para o de usar. Começa-se a abrir um debate de ideias a respeito se o automóvel é um patrimônio ou um serviço", afirmou Marcelo Rosal, gerente do Porto Seguro Carro Fácil.
Comodidade e economia são as duas principais vantagens defendidas pelas empresas. Os pacotes de assinatura oferecem carros zero km a partir das categorias de entrada com pagamento de IPVA, licenciamento, seguro e custos de manutenção inclusos. O período de contratado se diferenciam entre as empresas. Na Porto Seguro é possível fazer a assinatura por 12 ou 24 meses, já na Unidas o prazo é de 12 a 36 meses.
Na Unidas, o cliente pode pegar um carro provisório enquanto o zero km não chega. E na Porto Seguro, há o serviço de leva e traz para as revisões. "Além de ter um carro zero, o cliente ganha tempo e conveniência no dia a dia. Ele não precisa se preocupar com as revisões, com a documentação e custos de ter um carro", afirmou Rosal.
Para o economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e colunista da FOLHA, a vantagem é apenas de comodidade. "Na comparação entre adquirir um carro ou locar, a locação é uma alternativa significativamente mais cara", afirmou o economista. Rambalducci comparou os custos de um Ônix 1.0 levando em consideração a mensalidade da locação e aquisição do veículo.
Segundo ele, os custos de desvalorização do veículo (R$ 3,4 mil ), mais documentação (R$ 2,1 mil), seguro (valor médio R$ 1,8 mil) e manutenção (R$ 700),levam a um gasto em torno de R$ 7.800). E quem tirou o dinheiro de um investimento como o Tesouro Direto para comprar um carro de R$ 42 mil à vista deixou de ganhar rendimento de R$ 1.800. Isso tudo somado levaria a um custo de R$ 9,7 mil anual. Já o custo de assinatura do mesmo carro no mesmo período sai a R$ 18 mil.
"Este custo significativamente superior faz todo sentido, visto que a locadora incorrerá com custos de administração, com custos de capital e com margens de rentabilidade, que, quando o carro pertence ao usuário, não são computados (tempo dispendido na compra, documentação, contratos de financiamento, levar o carro na oficina, etc.) e uma parcela significativa dos custos incorridos pela locadora são exatamente iguais que para o proprietário", explicou. Na avaliação do economista, essa modalidade de serviço é mais atraente para empresas do que para o consumidor físico.

PERFIL
O gerente da Unidas defende que o serviço de assinatura é vantajoso, principalmente para aquele consumidor que não dispões de dinheiro para dar entrada em um financiamento, mas afirma que o produto vem atraindo clientes de perfis diversos. "Temos todos os tipos de público e percebemos que as pessoas começaram a fazer as contas e ver que sai mais barato alugar quando levam em conta a desburocratização e depreciação do carro", afirmou Rodrigues.
O interesse pelo serviço e o tipo de veículo procurado surpreendeu a empresa, segundo o gerente. "Esperávamos uma procura maior por modelos compactos, mas a distribuição está em todas as categorias até entre os carros de luxo. Mas tem saído bastante SUVs", disse Rodrigues.
O perfil da carteira da Porto Seguro é de profissionais liberais, na faixa dos 35 a 40 anos e entre 30% a 40% procuram carros compactos. "Os clientes são pessoas mais maduras, profissionais liberais como médicos, dentistas, que valorizam o dia a dia mais corrido", afirmou Rosal. Os veículos automáticos e completos são os mais procurados.
A psicóloga Elenice Arante, 59, moradora de Curitiba, se encaixa bem neste perfil. No começo do ano ela fez a assinatura de um Ônix com a Porto Seguro. "Demorei para tomar a decisão. A curto prazo parece que não tem vantagem, mas depois que fiz as contas, a longo prazo me pareceu interessante", contou Arante.
Inicialmente ela pretendia comprar um automóvel, mas com o serviço de assinatura, decidiu aplicar o valor. "Com a aplicação, a rentabilidade ajuda a pagar o aluguel do carro. Fazendo bem as contas existe a economia, não preciso me preocupar se o carro estragar e não tenho o carro no meu nome e nem N outras preocupações", disse.
Arante considera o serviço de assinatura um bom negócio. "Tenho o dinheiro que pagaria no carro e posso dormir tranquila que o meu dinheiro está guardado e não está se desvalorizando na garagem", afirmou.