Revisões periódicas são fundamentais para manter o bom funcionamento de qualquer veículo, mas o modo de dirigir também influencia no desgaste de peças automotivas. Para o engenheiro Marcus Romaro, consultor automotivo e especialista em segurança veicular e de trânsito, o comportamento do motorista atrás do volante pode aumentar ou diminuir a longevidade das peças de um automóvel.
Segundo Romaro, antes de tudo, é importante estar atento a itens que se desgastam bastante, entre eles, componentes de freio, embreagem, coxim do motor, escapamento, limpador de para-brisa, amortecedor, buchas de suspensão e terminais de direção. Isso sem contar os pneus que, de acordo com Gerson Burin, especialista do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi), se desgastam não só na rolagem contínua, mas também em curvas, acelerações e frenagens.
Romaro explica que itens de borracha e que atuam por atrito têm desgaste natural. Conforme ele, é ideal realizar uma condução consciente do veículo, evitando assim que as peças quebrem antes do tempo. "O importante é se antecipar às ocorrências, não esperar acontecer para tomar uma atitude."
O consultor lembra também que uma direção sem a devida cautela aliada à falta de manutenção veicular pode provocar não só um gasto maior de tempo e dinheiro, mas também acidentes. "O veículo pode percorrer um espaço maior do que o necessário para uma frenagem, pode não conseguir fazer uma curva, entre outros fatores."
O diretor regional da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE) para o Paraná e Santa Catarina, Roberto Falcão, também alerta que existe uma relação direta entre a direção agressiva e o desgaste de peças que independe da qualidade dos equipamentos. "Uma direção agressiva provoca um desgaste acentuado no disco e pastilha de freio, na embreagem, além de gerar um consumo maior dos pneus."
Segundo Falcão, por direção agressiva entende-se acelerações intensas seguidas de frenagens bruscas, que provocam um aquecimento dos pneus além do normal, sendo que este calor gerado é prejudicial não só ao pneu como também ao sistema de freio, que é suscetível à temperatura. Trocas bruscas de marcha, seguidas de acelerações ou frenagens intensas também comprometem o bom funcionamento do veículo, completa o diretor do SAE.
"No que chamo de direção preventiva, a troca de marchas é feita de maneira tranquila, o uso do freio é menor, resultando no menor desgaste do pneu. Se o motorista vê um sinal fechado ele diminui gradativamente a velocidade e não freia em cima do semáforo, por exemplo", comenta Falcão, lembrando que um veículo deve sempre andar na mesma velocidade dos demais "para evitar mais trocas de marchas e mais freadas".
Para o especialista do Cesvi Gerson Burin, a manutenção preventiva é a melhor forma de evitar que componentes quebrem antes da hora. "Além de mais segura, acaba se tornando mais barata se comparada à manutenção corretiva, que é aquela realizada após uma quebra de determinado componente", analisa.

Sintomas
Os sinais que o veículo dá ao bom observador são fundamentais para determinar se o sistema está funcionando corretamente ou não. Entre eles, o engenheiro Marcus Romaro cita problemas na embreagem, quando o motorista acelera, mas não sai do lugar, e no freio, que podem se mostrar em trepidação no pedal, barulho de metal batendo em metal ou o carro puxando para um lado ou para o outro.
Conforme Romaro, o coxim pode estar quebrado se houver ruído, trepidação ou instabilidade no compartimento do motor, e se o carro chacoalha demais, pode ser problema na suspensão.
Já para verificar se há algo errado com o amortecedor, vá à frente do carro, empurre-o para baixo e solte. "Se subir e parar onde estava antes, o amortecedor está bom. Se o amortecedor só trabalhar na ida e não na volta do carro à sua posição original, ou seja, se ficar chacoalhando, só a mola trabalha e o amortecedor não está funcionando corretamente", explica Romaro.
Segundo ele, se houver trepidação no volante, verifique os terminais de direção imediatamente, pois eles ligam a direção às rodas e são fundamentais para a segurança e dirigibilidade.