Rubens Burigo Neto
Enviado especial a São Paulo
O presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Ben van Schaik, anunciou há duas semanas, em São Paulo, que a partir deste ano será criada uma única organização empresarial para administrar todas as fábricas da Mercedes e da Chrysler na Argentina, no Brasil e na Venezuela. Van Schaik também informou que nos próximos três anos a Mercedes vai investir US$ 500 milhões no País. Para o ano 2000, o investimento previsto é de US$ 220 milhões. ‘‘Apesar de todas as dificuldades enfrentadas durante este ano nunca desanimamos. E a maior prova disso é que no ano que vem queremos crescer 9% no mercado de caminhões, 25% no segmento de ônibus, 18% no setor de transporte (comerciais leves) e 10% nas vendas de automóveis’’.
O executivo, que deverá assumir a presidência da DaimlerChrysler, justificou a unificação das duas fabricantes como um forma ‘‘estratégica para a montadora se tornar em todo mundo a mais conceituada e bem sucedida fornecedora de automóveis produtos de transportes e serviços.’’ Com a nova configuração empresarial, a DaimlerChrysler passará a contar com 18 mil funcionários em duas fábricas argentinas, quatro no Brasil, e uma na Venezuela.
O presidente da Chrysler do Brasil, Dennis Kelly, disse que a oficialização da novo empreendimento deve ocorrer ainda em janeiro. ‘‘A decisão foi tomada no dia 15 de dezembro. Portanto, ainda dependemos de discussões entre os diretores de nossas matrizes na Alemanha e nos Estados Unidos para saber como iremos trabalhar a partir do ano 2000.
Os dois presidentes também anunciaram o balanço comercial das duas empresas no mercado brasileiro. Van Schaik informou que a Mercedes aumentou sua participação no mercado de caminhões, vendendo 16.600 unidades, alcançando 36% de participação no segmento. Ele afirmou que comparando este desempenho com o do ano passado, o setor teve uma queda geral nas vendas de 9%. No setor de ônibus a liderança da Mercedes é ainda mais evidente, já que a empresa fechou 1999 com 67% de participação no segmento, contra 64% registrado no ano passado. No mercado de comerciais leves (vans e furgões de até 4 toneladas) a montadora também registrou aumento na participação, passando de 28,5% em 1998 para 30% neste ano.
Classe A – Para evitar polemizar sobre o sucesso do compacto Classe A no concorrido mercado de automóveis brasileiro, a Mercedes resolveu divulgar dados comparativos com carros de diferentes propostas de uso – como o Honda Civic e o Audi A3, por exemplo –, mas que se situam na mesma faixa de preço, entre R$ 30 mil a R$ 45 mil.
Lançado em junho no Brasil, o carro atingiu um volume de 8.556 unidades vendidas em seis meses de comercialização. No mesmo período, o Renault Scénic, fabricado em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, vendeu 8.905 unidades. Assim, a Classe A teve 9% de participação no mercado de compactos médios a partir de R$ 24 mil e 20% na faixa de preço entre R$ 30 mil a R$ 45 mil.
O presidente da Mercedes negou que a montadora tenha planos para ‘‘popularizar’’ o compacto, proposta bastante difundida pela rede de concessionárias. ‘‘Já fabricamos o maior carro popular do Brasil que é o ônibus’’, brincou van Schaik. ‘‘É impossível oferecer um carro com tanta tecnologia com um preço menor. Além disso, um Mercedes sempre será um Mercedes’’, completou.
* o repórter viajou a São Paulo a convite da Mercedes-Benz.Montadora alemã anuncia criação de organização única para as duas empresas e prevê investimento de US$ 500 milhões
ArquivoMercadoLançada em junho do ano passado, a Mercedez Classe A já teve 8.556 unidades vendidas e conquistou 9% do mercado de compactos médios a partir de R$ 24 mil. Já no setor de caminhões, a empresa teve 36% de participação em 1999