Fenabrave aponta Consórcio como solução para a renovação da Frota
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sábado, 26 de fevereiro de 2000
Samuka Lopes
De Londrina
Hugo Maia, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), afirma que as propostas de renovação da frota são no mínimo um desrespeito para com o público consumidor. O que existe é fumaça para conseguir alguns benefícios. Esses acordos não dão certo, como mostrou aqueles realizados durante o ano passado, conta Maia. As concessionárias defendem a tese da renovação da frota passando pelo consórcio.
Na opinião de Maia, os projetos de renovação da frota estão defasados. A renovação da frota é um programa conceitual. Emergencial é incompatível. Uma prova que os modelos apresentados estão defasados é que os metalúrgicos fazem um Seminário da Renovação da Frota, no próximo dia 13 de março, em São Paulo, para buscar alternativas para a questão. Pelo menos outros dois projetos existem, da Fenabrave e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A proposta inicial da Fenabrave pedia um preço máximo de R$ 9 mil para o modelo considerado popular.
Maia diz que, em conceito, deve se trocar um carro velho por um novo. O velho polui e pode causar acidentes. Isso porque a renovação deve ser feita para melhorar a qualidade de vida, melhorando o ar que respiramos e aumentando a segurança. Mas a questão também está relacionada com a Inspeção Veicular, adiada para entrar em operação no próximo ano. Só que, do jeito que a coisa anda, pode sofrer nova postergação. Hoje, Municípios, Estados e a Federação tentam se entender para saber como farão o controle.
Maia filosofa, porque, afinal, as reuniões onde foram discutidos os projetos de renovação da frota não chegaram a nenhum resultado positivo. Na verdade, primeiro o preço do carro subiu demais no ano passado. O automóvel está caro em dólar. Enquanto o salário subiu, no máximo, entre 6% e 8%, no ano passado a renda per capta caiu 0,83% , as autopeças tiveram reajustes de 8%. E Os automóveis estão 30% mais caros, isso descontado o imposto que havia aumentado antes. Os aumentos estão fora da realidade econômica dos consumidores, diz Maia.
Hoje, aproximadamente 18 milhões de veículos, de um total na casa de 27 milhões, estão com idade acima de 10 anos e precisam ser renovados. Mas isso deve ser feito diretamente para quem entregar o carro para ser reciclado. Não deve se entender como perspectiva de retomada das vendas se o veículo for trocado por outro usado ou seminovo. Porque o usado, além de tudo, não irá gerar IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) e nem aumento da produção, com a criação de novos empregos, afirma Maia.
Mas para isso a montadora precisa reduzir o preço, em 30% e o governo reduzir a carga tributária. Nesse caso, aproximadamente 400 mil veículos a mais devem ser colocados no mercado. Dando retorno também através de impostos. O carro é o único bem durável que paga impostos durante toda a vida útil. Em cinco anos, essas taxas geram o valor integral de um novo automóvel, conta Maia.
Na opinião de Hugo Maia, a proposta de renovação da frota tem só tem um caminho: o Consórcio. É o único programa que não tem juros. E o cliente matura a compra em 30 meses, com a entrega ocorrendo em 60 meses. O risco de perda no investimento é menor. Só que a prestação não pode ultrapassar R$ 200.