O mecânico especialista Julivan Guimarães afirma que as correntes, usadas nas motos superesportivas, têm a melhor transmissão em relação à potência
O mecânico especialista Julivan Guimarães afirma que as correntes, usadas nas motos superesportivas, têm a melhor transmissão em relação à potência | Foto: Fotos: Gustavo Carneiro



Correntes, correia ou cardã. Você sabe qual dessas transmissões é utilizada na sua motocicleta? Cada tipo influencia de uma maneira na potência do motor, manutenção e na segurança da moto. A maioria das montadoras utiliza a corrente pela simplicidade. Ela consegue transmitir mais eficiência do motor para a roda traseira e perde menos potência. A corrente permite um ajuste mais fino.
As motos de competição, sejam offroad ou superbike, e motos superesportivas utilizam as correntes. Esse tipo de transmissão tem o menor percentual de perda em potência, em torno de 5% a 8%. "É considerada a melhor transmissão em termos de potência", afirma o mecânico Julivan Costa Guimarães, proprietário do Johnny Motorcicles.
Os pontos negativos das correntes são que é uma transmissão barulhenta e que exige uma manutenção periódica. Precisa passar por lubrificação a cada três meses, e a troca do kit de relação (coroa, corrente e pinhão) é mais prematura, normalmente, a cada 30 mil km.
A manutenção é simples. Consiste de esticar a corrente, passar óleo e graxa líquida. A troca do kit é feita em qualquer oficina e há uma grande variedade de fabricantes dos kits e com custos mais baixos. "Ele tem baixo custo, mas uma repetividade maior do que os outros", lembra Guimarães.
Eficiência e durabilidade
As transmissões com correias são mais comuns em motos americanas como as Harley-Davidson e as japonesas custom. Normalmente, são de fibra de carbono e a perda de eficiência gira em torno de 10% a 15%. É considerada uma transmissão de baixa velocidade para motos que não atinjam velocidade acima de 190km/hora.
Uma das vantagens da correia é a durabilidade. Chega a durar até 120 mil km. Não faz ruído e é conhecida como uma transmissão limpa, pois não precisa lubrificar. No entanto, o preço depõe contra as correias. A troca só pode ser feita em empresas especializadas e fica na faixa de R$ 1.800, enquanto que a relação de uma moto com corrente gira em torno de R$ 200 a R$ 300.
A Haley-Davidson utilizava correntes até meados de 1970, quando passou a adotar as correias. "Como o público da Harley não exige tanta potência, optou-se por uma forma mais limpa e sem manutenção", comenta o mecânico.
Uma das transmissões mais complicadas é a cardã, que migrou do carro para a moto. É comum nos modelos BMW, Big Trail e Touring. É uma transmissão silenciosa e com manutenção periódica quase zero. Mas com um alto percentual de perda da eficiência. Beira os 20%, por causa da relação do eixo da transmissão com o conjunto de engrenagens. "Você tem que montar eixos com engrenagens redutoras para não ter um mecanismo de contrachoque tão grande de torque em relação ao motor e a roda. O cardã é o eixo, por isso essa perda de potência", explica Guimarães.

A orientação é que quem for pegar a estrada faça itinerário baseado no tipo de moto que possui, pensando na questão da assistência
A orientação é que quem for pegar a estrada faça itinerário baseado no tipo de moto que possui, pensando na questão da assistência



PONTOS NEGATIVOS
Os pontos negativos do cardã aparecem na hora de ter que substituir a peça. Além de ser cara, é feita apenas em oficinas especializadas e, em caso da necessidade de troca do pneu só pode ser feita na assistência especializada. Não é qualquer borracharia que faz o serviço, por conta do tipo de ferramentas necessárias para desmontar o cardã. "Você tem que desmontar escapamento, um sistema de freio ou outra peça para tirar a roda", orienta o especialista.
Não é o tipo de transmissão ideal para quem roda muito, mas ela está se popularizando nos modelos mais estradeiros. "Os fabricantes pensam na manutenção do cardã, e não pensam na manutenção dos outros componentes. É uma opção de mercado. Hoje, para mim é a pior transmissão que existe", avalia Guimarães.

PÉ NA ESTRADA
O mecânico aconselha a quem for pegar a estrada que faça um itinerário baseado no tipo de moto que possui, pensando na questão da assistência. Ele afirma que não adianta a pessoa querer viajar para o interior, por exemplo, se a moto for cardã, porque dependendo da região que estiver passando não vai a uma oficina especializada para arrumar a transmissão em caso de quebra.
A mesma coisa pode acontecer com a correia. Em caso de quebra, o motociclista só tem a opção de colocar a moto no guincho e mandar para a oficina, diferente da transmissão com corrente, que é fácil de consertar.
As correntes e correias são mais seguras no caso de um defeito na estrada. Elas vão deixar a roda livre e o motociclista terá condições de controlar a moto. Diferentemente da transmissão com cardã. Se ela quebrar vai travar a roda e pode causar um acidente.