O ministro da Aeronáutica, Lélio Vianna Lobo, afirmou sexta-feira, em visita ao Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que a parceria internacional pretendida pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) pode tornar viável a produção de um caça supersônico no País. O aparelho está nos planos de renovação da Força Aérea Brasileira (FAB) e as negociações da transferência acionária envolvendo a ex-estatal vem sendo acompanhado de perto pelos militares. ‘‘ Posso assegurar que não vamos desenvolver esse projeto sozinhos ’’, garantiu o ministro.
A direção da Embraer vem mantendo entendimentos com a companhia francesa Marcel Dassault, fabricante do caça Mirage, e com a Saab, da Suécia, produtora do caça Gripen. Ambos aviões estão dentro das características pretendidas pelo Brasil. Segundo o ministro Lobo, os gastos num projeto deste porte consumiria recursos na ordem de US$ 6 bilhões. ‘‘ Essas parcerias tem o lado tecnológico e o econômico ’’, observou o militar.
Pelo direito adquirido pela Golden Share no processo de privatização, a aeronáutica tem poder de interferir nas diretrizes da empresa. Segundo o ministro Lobo, a Embraer está procurando atender as necessidades do processo de renovação da frota da FAB. Embora isto não comprometa a liberdade empresarial dos atuais controladores. ‘‘ A aeronáutica sempre irá defender a melhor solução para o País’’, completou.
O fundador e ex-presidente da Embraer, Ozires Silva, também vem acompanhando a possível transferência de controle da empresa. Para ele, as companhias internacionais mais apropriadas para uma negociação de parceria visando novos produtos são a Marcel Dassault e Saab. ‘‘ Elas não atuam no mercado de aviação civil regional e em compensação detém tecnologia em áreas que a Embraer não tem atuação significativa’’, analisou.
Ele entende que a Embraer está adaptada ao mercado globalizado, pois em sua administração buscou várias parcerias estrangeiras para desenvolver o jato regional ERJ-145. Os estudos que estão sendo feitos para a construção de um jato de 70 lugares é, para Silva, uma das opções para se avançar no segmento do transporte aéreo regional. ‘‘ Mas tem que fazer um projeto vencedor, que seja diferenciado’’, advertiu.