Cuidado com o airbag
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terça-feira, 03 de outubro de 2017
Aline Machado Parodi<br>Reportagem Local
Em 2014, a empresa japonesa Takata, fornecedora de airbags para as principais montadoras mundiais, admitiu uma falha técnica nos equipamentos e deu início ao maior processo de substituição da indústria automotiva. A estimativa é que em torno de 100 milhões de veículos produzidos entre 2000 e 2013 tenham sido afetados. No Brasil, de acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, foram exatos 3.343.090. Até julho desde ano, somente 928.779 carros (27,78%) atenderam ao recall.
O recall está previsto no artigo 10 do CDC (Código de Defesa do Consumidor) que estabelece que "o fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança
Um levantamento do Procon de São Paulo mostrou que dos 76 recall de veículos realizados no primeiro semestre de 2017, 25 foram no sistema de airbag, o que representa um aumento de 78% em relação ao primeiro semestre de 2016. Nesse período foram registrados 57 recall, sendo 14 de airbag. Na quantidade total de campanhas, o aumento foi de 30%.
Segundo os dados do órgão, as 76 campanhas feitas de janeiro a junho atingiram um total de 1.199.170 automóveis, dos quais 618.392 (55%) tinham problemas com o airbag. No mesmo período no ano passado foram 911.702 veículos afetados, sendo 572.791 (62%) relacionados ao equipamento.
De acordo com o Procon, quando for comprar um carro usado, o consumidor deve verificar com a concessionária se houve recall daquele modelo e caso tenha ocorrido, checar se o veículo passou pela troca do equipamento. No caso veículos novos, as próprias concessionárias devem ficar atentas às chamadas das montadoras.
DEFEITO
Em 2014, a Takata revelou que, desde 2000, produzia airbags com nitrato de amônia, um produto químico que pode provocar a explosão do equipamento. Dezesseis óbitos são associados aos defeitos dos chamados de "airbags mortais". Não há nenhum relato de acidente com vítima fatal no Brasil.
O mau funcionamento dos airbags pode provocar seu acionamento, mesmo em casos de impacto leve. Isso pode machucar os ocupantes. "Os testes mostram que o cinto de segurança é suficiente para proteger o ocupante em caso de um acidente de baixo impacto. Em baixa velocidade, entre 20 a 25km/hora na cidade, por exemplo, o airbag pode machucar ao invés de proteger, pois ele abre em alta velocidade", explicou Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
FALÊNCIA
Neste mês de outubro, a GM e Volkswagem iniciam o recall de 7,36 milhões de veículos na China. A notícia divulgada por uma agência chinesa, foi mais um golpe na complicada situação da empresa japonesa. De acordo com o jornal econômico Nikkei, a Takata tem dívidas de até um trilhão de ienes (quase 8 bilhões de euros). A japonesa declarou falência em junho desde ano. (Com Agência Brasil e France Presse)
Frontais são obrigatórios
Apesar dos problemas com o airbag produzido pela Takata, o equipamento é uma tecnologia de segurança consolidada no mundo. A legislação brasileira determina que, a partir de 2013, todos os veículos novos nacionais e importados são obrigados a terem airbag na parte frontal.
Ele tem a função de proteger as regiões da cabeça, pescoço e tórax dos ocupantes do veículo. Em caso de uma colisão, um software instalado no automóvel identifica o nível do impacto e determina o acionamento do equipamento. "São feitos cálculos de engenharia para definir a deflagração do airbag dependendo da força do impacto", explica Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
O tempo de disparo do airbag depende do modelo e do peso. "Cada carro tem um conceito (se referindo a categoria hatch, picape, sedan), por isso é importante os crash testes para programar a central de airbag."
Os airbags lateral, de joelho e cortina são opcionais e normalmente oferecidos de série em modelos topo de linha. "Hoje existem carros com sete airbags", disse Rubio. Segundo um estudo do NHTSA, órgão responsável por questões de segurança nos Estados Unidos, os airbags laterais reduzem a fatalidade em 37% dos acidentes. Em utilitários esportivos esse índice sobe para 52%. Os airbags frontais reduzem em 26% a mortalidade do motorista e 14% no caso do passageiro.
Rubio diz que há um movimento dos órgãos independentes de avaliação de segurança dos veículos e dos fornecedores para mudar a legislação brasileira e incluir a obrigatoriedade dos airbags laterais. O coordenador do Cesvi/Mapfre enfatiza que, independentemente do carro ter airbag ou não, é indispensável o uso do cinto de segurança, inclusive pelo passageiro do banco traseiro. (A.M.P)