Com uma formato que lembra ao de uma gota e uma proposta de mobilidade a partir da célula do hidrogênio, a equipe “Tubaturbo” pretende ganhar a competição Shell Eco-Marathon Brazil, campeonato que busca eleger o melhor dentre os veículos com a ideia de carro ultraeficiente. “Anualmente existem competições organizadas pela Shell, que patrocina e promove competições para estudantes dos cursos de engenharia e eles são, digamos, motivados a desenvolver protótipos tanto de carros elétricos, quanto de carros à combustão, álcool, diesel, etanol, enfim, e outros combustíveis”, pontua o professor de Engenharia Mecânica da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) coordenador do projeto, Genaro Marcial Mamani Gilapa.

Para esta competição, que será realizada entre o final de agosto e começo de setembro, a equipe da UTFPR Londrina criou um protótipo inovador.

MOVIDO A “ÀGUA”

A proposta da “Tubaturbo” é um carro movido a partir da célula de hidrogênio. “O princípio de funcionamento de uma célula de hidrogênio é igual ao de uma célula eletrolítica que a gente vê na escola mesmo. Então, vai entrar o hidrogênio, ele vai reagir no interior da célula; a parte dos elétrons dele vai gerar uma corrente elétrica que vai fazer com que o carro se locomova e os prótons, eles reagem com o oxigênio presente no ar e o subproduto é a água”, explica a estudante Raíssa Artioli Prata, de 20 anos, capitã da equipe.

.

Da esquerda para a direita, professor Genaro Marcial Mamani Gilapa, e os estudantes Guilherme Fernandes, Raíssa Artioli Prata e Matheus Henrique Vida
Da esquerda para a direita, professor Genaro Marcial Mamani Gilapa, e os estudantes Guilherme Fernandes, Raíssa Artioli Prata e Matheus Henrique Vida | Foto: Mayara Tavares

COMBUSTÍVEL DO FUTURO

E os benefícios da escolha de mobilidade a partir da célula de hidrogênio em vez da locomoção pela bateria elétrica, para Raissa, estaria no fato de que “a célula de hidrogênio além de não emitir nenhum ruído, tem como subproduto a água. A gente não tem problema com a questão do descarte, que hoje em dia seria o problema de descarte dos carros elétricos com baterias por conta do lítio que há em sua composição". O lítio é um composto químico altamente poluente e com o hidrogênio esse problema estaria resolvido. Além desse benefício, Raissa pontua que a autonomia do veículo também é muito melhor em relação a outros "combustíveis". "Ele consegue rodar muito mais quando você usa o hidrogênio para o carro funcionar, ele armazena energia. A gente faz todo um mecanismo de armazenamento deste hidrogênio, da energia gerada, para que ele consiga se locomover com autonomia por maiores distâncias e tempo mais longo, então, ele é muito mais eficiente e ecologicamente ele é muito melhor inclusive, sendo a alternativa mais sustentável”.

EFICIÊNCIA

O modelo do veículo aplica os estudos e conceitos da aerodinâmica, visualmente aparente em seu formato que se assemelha a uma gota. “Hoje em dia é o formato mais aerodinâmico que a gente tem, então a ponta dela, a calda que ela tem no final, ela diminui a força de arrasto do ar com o carro, então isso tem uma melhora na autonomia do carro muito grande”, acrescenta ela

Detalhe do veículo elétrico movido à células de hidrogênio. “a célula de hidrogênio além de não emitir nenhum ruído, tem como subproduto a água”
Detalhe do veículo elétrico movido à células de hidrogênio. “a célula de hidrogênio além de não emitir nenhum ruído, tem como subproduto a água” | Foto: Mayara Tavares

ALÉM DAS SALAS DE AULA

Para os que participam do projeto, o desenvolvimento deste carro é uma forma de contribuir para uma perspectiva maior sobre possibilidades diferentes de mobilidade e ainda uma chance de mostrar o trabalho da universidade em uma competição internacional. Mas não é a única motivação, o projeto também se mostra uma oportunidade para aprender e praticar os conhecimentos adquiridos além da grade curricular. O estudante Matheus Henrique Vida, de 23 anos, integrante da equipe, entende a participação no projeto como uma forma de antecipar o aprendizado de algumas técnicas essenciais para a prática da Engenharia Mecânica no campo de trabalho. “Quando a gente entra em um projeto assim, a gente lê muitos relatórios, muita parte teórica; aprende muito conhecimento que veríamos em outra etapa dos nossos estudos”.

CULTURA DE INOVAÇÃO

Esta não é a primeira vez que alunos da UTFPR participam de campeonatos de desenvolvimento de tecnologias. O coordenador do projeto, Genaro Marcial Mamani Gilapa, lembra que “dentro da UTFPR são 15 anos que trabalho com este tipo de projeto e aqui em Londrina, especificamente, já são oito anos, mais ou menos”. Gilapa conta, também, que o primeiro protótipo criado foi à combustão, mas que o grupo decidiu, para esta edição, trabalhar apenas com o veículo elétrico.

*Supervisão de Patrícia Maria Alves, editora.