De um papo gostoso no fim de tarde com o vizinho da frente ou de desfrutar daquele bolo caseiro que a vizinha do lado faz, a verdade é que todo mundo gosta de se sentir como parte de algo e os condomínios horizontais têm esse perfil de funcionar como uma vizinhança de tempos atrás.

Márcio Andrade Giocondo, engenheiro civil e coordenador de loteamentos da Vectra Construtora, explica que, com a pandemia, a busca pela qualidade de vida no dia a dia se intensificou. Por isso, segundo ele, a opção foi fazer com que toda a extensão da residência fosse como um resort, o que foi possível através dos condomínios horizontais.

AMBIENTE DE FÉRIAS

As vantagens e confortos para quem escolhe viver nesse tipo de empreendimento englobam, por exemplo, academia, área esportiva, piscinas e espaços de convivência. “Hoje o cliente busca qualidade de vida e, associado a isso, a gente embarcou num tema que a gente desenvolveu e que as pessoas frequentavam muito: os ambientes de férias”, pontua.

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Aliado a isso, o engenheiro reforça que os condomínios horizontais permitem que as famílias criem os filhos de maneira mais livre, em que eles podem brincar e andar de bicicleta na rua sem toda aquela preocupação que permeia a vida nas cidades. Segundo ele, a opção pelos condomínios busca a qualidade de vida, o retorno às origens e a tranquilidade. “A gente envolve muito no projeto a área ambiental, então a gente traz muita área verde, muita sombra”, explica, complementando que alguns condomínios trazem pistas de caminhada em meio aos bosques, por exemplo.

Giocondo pontua que esse tipo de empreendimento pode englobar diversos tipos de serviços para os moradores, que vão do spa ao restaurante, trazendo aquele sentimento de comodidade para uma vida, por vezes, corrida e, ainda, sem ‘sair de casa’. “A gente desenvolve um produto pensando nos pilares da praticidade, conveniência, da sustentabilidade e na qualidade de vida”, pontua.

ESPÍRITO DE COMUNIDADE

Como ponto forte, o engenheiro pontua o espírito de comunidade que se forma dentro dos condomínios de casas entre os moradores. Segundo ele, os moradores compram produtos produzidos por outros moradores, como bolos e queijos, fortalecendo esse viés de comunidade. Além disso, ele cita como exemplo o condomínio em que vive, em que é eleito o “dia do food truck”. Nesse dia, vários carrinhos vêm para o condomínio e se instalam próximos à praça e os moradores podem comer e aproveitar a companhia uns dos outros.

Ao final da tarde, também é costumeiro ver os moradores saindo com seus banquinhos - ou as famosas cadeiras de praia - para a frente da casa para aproveitar para conversar com os vizinhos. “Com isso, você resgata um pouco as origens das famílias quando as pessoas conversavam e tinham interação”, pontua. Segundo Giocondo, ter qualidade de vida vai além do benefício próprio, reforçando que ela envolve ter amizades e poder contar com elas.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

Dentro dos condomínios de casas, algumas atitudes sustentáveis podem ser tomadas pelos moradores de forma natural, contribuindo para o bem estar de toda a sociedade. Ele pontua como exemplo a coleta seletiva de materiais recicláveis, incluindo o óleo de cozinha, que pode ser utilizado na fabricação de produtos de limpeza, e equipamentos eletrônicos. “É pensado na sustentabilidade”, afirma.

Sobre o futuro, Márcio Andrade Giocondo aposta que os condomínios horizontais vão ganhar cada vez mais espaço, ainda mais em cidades como Londrina, que apesar de estar próxima dos 600 mil habitantes, ainda mantém traços que permitem esse tipo de empreendimento, como uma boa mobilidade urbana. Ele diz acreditar que quem busca por qualidade de vida todos os dias vai acabar migrando, hora ou outra, para os condomínios de casas.

“[Por outro lado] tem pessoas que gostam mais de um espaço compacto, que talvez dê menos trabalho, então eu não diria que vá existir esse êxodo urbano para o condomínio, mas quem tiver a condição de ter uma casa, talvez que tenha uma família maior, com certeza existe essa possibilidade”, ressalta, reforçando que casais sem filhos ou solteiros ainda podem preferir os apartamentos.

COMÉRCIO E SERVIÇOS

Em Londrina, a zona sul da cidade é a que tem uma demanda mais forte por condomínios horizontais. Gilmar Fernandes, presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), reforça que na pandemia houve um aumento na procura por casas e, consequentemente, ajustes no mercado para atender essa demanda. Segundo ele, a expansão recente de empreendimentos residenciais de baixa densidade, como os condomínios de casas, tem ganhado espaço por essa razão.

Apesar de ressaltar os benefícios dos condomínios horizontais, como a possibilidade de se ter um quintal, ele explica que o adensamento populacional contribui para a proximidade com o comércio local e os serviços essenciais. “O que a história conta é que bairros estritamente residenciais têm dificuldade de sobrevivência em razão da perda de tempo com o uso do transporte (particular ou público)”, pontua.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Nesses casos, apesar de não ter um quintal, a qualidade de vida se manifesta através da economia de tempo para realizar atividade do dia-a-dia. “Além disso, o município tem prezado pela urbanização de parques e praças que garantem áreas verdes para utilização pela população”, afirma.

Condomínios horizontais exigem um olhar que vai além dos muros altos para perceber vantagens como conforto e liberdade
Condomínios horizontais exigem um olhar que vai além dos muros altos para perceber vantagens como conforto e liberdade | Foto: Roberto Custodio

Ressaltando que todo tipo de ocupação tem suas vantagens e suas desvantagens, o presidente do Ippul pontua que o mercado precisará se reinventar para “proporcionar os usos do dia a dia próximos a essas regiões para garantir a qualidade de vida”.