Mais importante, porém, foi que naquelas andanças dos primeiros tempos, Milanez percebeu como o Norte do Paraná estava isolado, como, de fato, precisava de um orgão de comunicação para dar-lhe cobertura, para participar de sua vida. Foi este, sem dúvida, o surgimento da grande idéia municipalista que converteu a Folha de Londrina no jornal mais próximo dos municípios e de suas reivindicações.
Na época, lembra, os jornais locais e os nacionais apresentavam normalmente uma visão parcial e política. Ele percebeu que o Norte do Paraná reclamava algo mais que isto, devia ser uma voz global. ‘‘Um jornal para todos e não para um grupo, este o segredo para ter uma vida longa’’, diz ainda agora.
Ao lado desta visão, Milanez tinha outra: sempre pensou em fazer o jornal crescer. Não se promovia, promovia o jornal. Não tinha cartões de visita. Levava um exemplar da Folha. Levava muitos. Quando saía para o trabalho, levava dezenas. Quando, depois, época em que começou a viajar ao Exterior, levava mais.
Nestes anos todos, João Milanez fez cerca de 80 viagens internacionais, sempre a convite, e sempre levando a Folha. Gosta de contar que esteve cinco vezes na Alemanha, a convite do governo alemão. E assinala que, normalmente, aquele país só convida o mesmo jornalista duas vezes. Mas ele, ali, segundo diz, já é um convidado especial.
Ele visitou todos os grandes jornais do mundo, procurou aprender em cada um. Esteve no New York Times, nos grandes jornais do Japão. Levando sua Folha e sua imensa disposição de aprender mais para trazer para Londrina mais experiência e tornar o jornal cada vez mais conhecido e respeitado.
A Folha, que foi o segundo jornal do Paraná a ter uma impressora rotativa, viria, mais tarde, a ser o primeiro a contar com o sistema off set. No Brasil, quando implantou o sistema, a Folha foi o terceiro. O primeiro foi a ‘‘Folha de São Paulo’’ e depois o ‘‘Correio Braziliense’’.
Todavia, como revela, não foi esta questão do pionerismo que o motivou a procurar esta solução. O problema é que não havia, na época, técnicos capazes de garantir uma boa impressão na rotativa. Este foi, durante muito tempo, uma das mais sérias preocupações entre todos quantos faziam a Folha. A imagem de todo o jornal ficava comprometida.
Milanez foi à Alemanha para comprar uma impressora off set. Os alemães ficaram surpresos com a idéia porque, na época, não havia matéria-prima que resistisse às necessidades de impressão de um jornal. Era uma técnica, pensavam, para gráficas.
Mas a verdade é que a visão de Milanez e de outros que fizeram parte desta vanguarda na verdadeira revolução gráfico-jornalística que surgiu estava certa. Basta ver que, atualmente, a maioria dos grandes jornais do mundo adota esta sistema.
A Folha foi o primeiro jornal do Brasil a adquirir uma impressora off set da T. Janer. O sistema resultou num salto imenso, produzindo condições para que o jornal se tornasse plenamente aparelhado para as grandes mudanças, dando-lhe a possibilidade de, até hoje, manter-se como um dos mais modernos do País, além de estar, igualmente, entre os 15 de maior circulação.