“O importante é que a família esteja segura da mudança que quer fazer", diz a pedagoga Fernanda Passarelli
“O importante é que a família esteja segura da mudança que quer fazer", diz a pedagoga Fernanda Passarelli | Foto: iStock

O final do ano letivo está chegando, e nesta época é comum a mudança dos filhos de escola. Os motivos de se estudar em um outro local são diversos, mas especialistas são unânimes ao afirmar que escolher a nova escola requer planejamento por parte dos pais. Seguindo esse norte, há maior chance de o processo ser bem-sucedido.

“Para encontrar a escola mais adequada, os pais devem fazer uma pesquisa de mercado, levando em consideração os mesmos motivos que o levaram a querer trocar de escola”, explica a pedagoga Ione Vasconcellos, especialista em psicopedagogia clínica.

Especialista em psicopedagogia e neurociências pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), a pedagoga Fernanda Passarelli considera que os pais devem levar em conta aspectos como qualidade do ensino, experiência docente, proposta pedagógica, infraestrutura, análise das atividades oferecidas, carga horária e se há disponibilidade de diálogo da escola com a família. “A escolha de uma escola deve ser direcionada aos valores da família e considerando o perfil do filho”, destaca.

Existe o motivo óbvio de mudança quando a escola atual não oferecerá a série em que o aluno estará no próximo ano. Nesse caso, a mudança costuma ser mais tranquila, já que não houve uma insatisfação com a escola. “Entretanto, quando há insatisfação por algum motivo, a mudança torna-se mais delicada”, pontua Ione.

Pode ser que a criança não se adapte à metodologia adotada pela antiga escola, por motivo econômico, mudança de cidade ou endereço.

“O importante é que a família esteja segura da mudança que quer fazer. Coloque no papel os prós e contras da mudança e pese nesta balança a real necessidade de mudar de escola. Completar um ciclo numa mesma escola é muito importante para as crianças e adolescentes, sendo assim, a troca só será conveniente se o seu filho estiver tendo prejuízo social, cognitivo ou emocional. Ou no caso daqueles que estudam numa escola particular, se os pais estão com problemas econômicos”, diz Ione.

Em todos os casos, porém, é sempre necessário conversar com a criança e explicar a ela motivo da mudança. “Quando os pais estão seguros, a criança compreenderá e será mais tranquila a adaptação. De qualquer forma, quem toma a decisão de mudar de escola são os pais.”

Sem diálogo

A pedagoga Fernanda Passarelli já atendeu famílias que optaram pela troca de escola porque o filho estava com muita dificuldade na aprendizagem e não conseguiam dialogar com a equipe pedagógica.

“Ir à escola é um ato social que envolve aprendizagem formal e informal, e deve ser prazeroso para a criança. Se há algum tempo a criança chora para ir à escola, apresenta baixo desempenho ou vai e volta muito mal-humorada, é um sinal de alerta para os pais. Muito importante os pais ouvirem seus filhos antes de tomar qualquer decisão.”

A pedagoga Ione Vasconcellos acrescenta que, para evitar tais problemas, é preciso que os pais estejam bem seguros em relação à mudança de escola. “É a segurança dos pais que vai apoiar a adaptação ao novo ambiente. É possível que surja algum problema, sim. Por isso é necessário tomar algumas providências [leia mais no quadro].”

Fernanda Passarelli lembra que, caso haja opção pela troca, é essencial os pais explicarem para o filho sobre a necessidade da mudança e os reais motivos, sempre com muita verdade. “Ouçam o filho e acolham as angústias que possam surgir e falem de coisas boas que podem acontecer com a troca, como, por exemplo, novos amigos, novas aulas, novo espaço etc. O pai e a mãe ou cuidadores são o porto seguro dos filhos.”

Permanência

Há casos em que a mudança de escola não é recomendada. A pedagoga Ione Vasconcellos ressalta que os pais devem insistir para que o filho fique na escola quando o motivo da mudança for fútil, como, por exemplo, querer trocar porque imagina que outra escola seja mais popular ou porque dá mais status estudar em outro colégio.

“Se o seu filho está aprendendo adequadamente, tem bons relacionamentos na escola e é o que seu bolso pode pagar, não há motivo para trocar. Não deve trocar se o seu filho, não tendo dificuldades de aprendizagem e nem de relacionamento, quer mudar de escola porque a escola é muito exigente. Há de se ensinar a eles que é importante enfrentar os problemas e não fugir deles.”

Se a mudança parte do interesse da criança ou adolescente, os pais devem ouvir seus filhos e entender o porquê da troca.

“Muitas vezes o estudante está vivendo uma situação em que não tem recursos para enfrentar, como dificuldade em acompanhar alguma matéria, dificuldade na relação com professor ou até mesmo estar sofrendo bullying. É muito importante os pais entrarem em contato com a escola para entender a queixa do filho e sempre oferecer apoio emocional aos filhos para eles enfrentarem as dificuldades”, destaca Fernanda Passarelli.

Covid

Mais um motivo foi acrescentado neste ano quando o assunto é mudança de escola: a pandemia da Covid-19.

“No caso do impacto econômico ser muito grande, é melhor que os filhos aprendam que há outras possibilidades de escolas mais baratas e tão boas quanto a anterior. Existe ainda a possibilidade de ir para uma escola pública que também é boa”, orienta Ione.

Caso o impacto seja temporário, ela aconselha os pais a procurarem a escola e negociar um desconto que seja viável.

Imagem ilustrativa da imagem Transferência de escola requer planejamento dos pais